João Sousa. Distribuir pó aos adversários é a especialidade da casa

João Sousa. Distribuir pó aos adversários é a especialidade da casa


Tenista português não cedeu um único set frente a Vasek Pospisil, na primeira ronda de Roland Garros. 


Nas últimas semanas, João Sousa tem exibido o melhor ténis do ano, que culminou com a derrota na final do Open de Genebra. Um deslize maldito, com um troféu em jogo, contra um adversário com pior ranking, algo que já não acontecia desde o Millennium Estoril Open, frente a Rui Machado.

O sorteio de Roland Garros ditou que o canadiano Vasek Pospisil seria o primeiro adversário de João Sousa. Na vertente de pares, Pospisil é um nome que dificilmente poderá ser ignorado, não fosse ele o número quatro do ranking ATP. Em singulares a conversa é outra. Depois de um início de 2014 muito forte, onde o canadiano atingiu o seu melhor registo no ranking ATP, ao alcançar a 25.a posição, este ano não tem sido tão promissor. Começou o ano lesionado, teve um conjunto de sorteios pouco simpáticos, que se traduziram em muitas derrotas, e voltou a lesionar-se, em Madrid, no início do mês, não tendo competido desde então.

O contraste não poderia ser maior em relação à actual forma de João Sousa. O tenista português vem da final do Open de Genebra, a sua melhor prestação da temporada, onde acabou por não conseguir vencer o brasileiro Thomaz Bellucci. Ainda assim, o desempenho permitiu a João Sousa saltar da 50.a para a 44.a posição no ranking ATP, o seu melhor registo do ano.

A treinar há poucos dias, Pospisil está contente por ter recuperado tão depressa, de uma lesão no tornozelo que se esperava bem mais grave. Por esta razão, o canadiano atirou a pressão para o lado de João Sousa, embora confesse que o sorteio lhe deu esperanças de poder sair de Roland Garros com uma vitória.  

Logo no início do encontro se percebeu que Pospisil teria poucas hipóteses. João Sousa entrou forte, demonstrando que não estava em Paris só para passear. Venceu o primeiro set por 6-3, onde ainda perdeu um dos dois breaks de vantagem que conquistou. O segundo set foi mais apertado, e apenas decidido no tie-break, depois de João Sousa ter desperdiçado um break de vantagem. A balança voltou a pender para o lado do português, que com o 7-6 colocou o resultado em 2-0. No terceiro, novo 6-3, num jogo que se decidiu em apenas uma hora e 56 minutos, graças a 32 winners, que acabaram a valer ao português sete breaks.

Na segunda ronda, João Sousa terá pela frente a sua besta negra, Andy Murray, que atropelou o argentino Facundo Argüello na primeira ronda, com os parciais de 6-3, 6-3 e 6-1. Desde 2013, o tenista português e o escocês, número três do ranking ATP, já se encontraram em cinco ocasiões, duas delas este ano, e por duas vezes no Open da Austrália. Andy Murray acabou todos os jogos a festejar, sem qualquer set perdido. Como se isto não bastasse, Murray vem de 11 vitórias consecutivas na terra batida, que lhe valeram a conquista do Open de Munique, o seu primeiro título na superfície, e do Masters de Madrid.

A tarefa de João Sousa será muito complicada, bastando para isso ler a imprensa inglesa. Numa análise da BBC, João Sousa nem sequer marcaria presença no segundo jogo, com as atenções centradas num possível encontro de Murray, na terceira ronda, com o australiano Nick Kyrgios. Para se ir preparando para o encontro com o escocês, João Sousa e Thomaz Bellucci, o carrasco de Genebra, terão pela frente, em pares, a dupla John Peers e Jamie Murray, precisamente o irmão de Andy.