O primeiro dia das conferências do Estoril ficou marcado pela discussão em torno do futuro da educação, mas também sobre as grandes mudanças tecnológicas e democráticas no futuro. No entanto, o que motivou a presença de vários órgãos de comunicação social foi uma conferência de imprensa do antigo primeiro-ministro da Grécia, Georgios Papandreou.
O ex-chefe de governo mostrou satisfação por estar em Portugal e felicitou o executivo pela forma como conseguiu cumprir o programa de ajustamento económico e financeiro. Papandreou afirmou que “o cumprimento das metas foi difícil porque exigiu muitos sacrifícios”. O antigo governante não fugiu às questões colocadas sobre a actual situação da Grécia. Georgios Papandreou mostrou-se favorável a um referendo, mas que não exija à população uma postura de ser contra ou a favor da manutenção do país na zona euro. Durante a conferência de imprensa, o ex-líder pediu uma “solução de compromisso” para todas as partes.
NOVO FUTURO O painel da manhã, que contou com vários especialistas na área da educação, discutiu a introdução das novas tecnologias no ensino. O vice--director do Servus VU Amsterdam, Fons Trompenaars, afirmou: “Temos de utilizar os equipamentos digitais sem esquecer o ensino tradicional.” Por sua vez, o reitor da Rotterdam School of Management, Steef van de Velde, entende que o “o futuro da educação passa por adquirir conhecimento, mas respeitar os valores”. A utilização da tecnologia não pode ser feita de qualquer maneira. Simon Dolan, do Future of Work Chair, considera que “os tempos são diferentes”, tendo acrescentado que “para se aprender tecnologia, tem de se educar”.
FIM DO PODER A importância das empresas tecnológicas e as transformações políticas estiveram em cima da mesa após o almoço. O autor do livro “The End of Power”, Moisés Naim, e Donald Tapscott, CEO do grupo Tapscott, acreditam que vivemos num tempo de grandes mudanças. Moisés Naim apontou cinco exemplos actuais que representam a “fragmentação do poder”. O escritor entende que o “Podemos, a Netflix, o Estado Islâmico, a Orquestra Filarmónica de Berlim e o congresso norte-americano” são elementos com capacidade para influenciar, mas são estruturas que “não conseguem chegar a acordo em assuntos básicos”. No seu entendimento, o partido político espanhol tem “capacidade para transformar politicamente a sociedade espanhola” e o movimento Estado Islâmico para “se tornar uma força política no Médio Oriente”. Por último, a Netflix conseguiu transformar a forma como as pessoas vêem televisão. O autor abordou ainda o tema de a tecnologia, um instrumento, um “escudo que protege os poderosos, estar a ser penetrado”. O principal motivo das mudanças está relacionado com as últimas revoluções no mundo, bem como as alterações de mentalidade por parte das populações.
INSTITUIÇÕES Donald Tapscott tem uma visão diferente de Moisés Naim e garante que “dentro de dez anos, os jornais vão deixar de vender papel, além de existirem alterações no mundo da música e da rádio”. Numa conversa com o i, Tapscott também se mostrou favorável à introdução da tecnologia no ensino. O gestor entende que o avanço tecnológico vai ser utilizado pelas pessoas para mudar as instituições democráticas e aponta a Google e a Apple como empresas que vão dominar o mercado.