O antigo primeiro-ministro português Durão Barroso entende que a saída da Grécia da zona euro é um cenário cada vez mais provável devido “aos erros políticos cometidos que não permitiram recuperar a confiança”. As declarações do ex-presidente da Comissão Europeia foram proferidas nas Conferências do Estoril. Durão Barroso entende “que em 2012, as probabilidades de sair eram menores do que em 2015”.
Na palestra de ontem, o ex-governante revelou optimismo em relação ao futuro da União Europeia, apesar das ameaças provenientes das dificuldades financeiras gregas e do anunciado referendo sobre a manutenção do Reino Unido na União.
Durão Barroso considera que “a integração europeia tem mantido a paz na Europa, além de afastar as correntes pessimistas, que se traduzem no eurocepticismo, no nacionalismo e nos movimentos contra a globalização”. A crise do euro foi o principal tema de conversa. O ex-chefe de governo garante que “a moeda única é credível e estável”. Os problemas na Ucrânia também foram abordados.
ECONOMIA A economia foi o tema abordado por Gunter Pauli. O autor do livro “Blue Economy” arranjou soluções para substituir a chamada “economia verde”. O economista com projectos na China afirmou ao i que “a Europa não ajuda os empresários”. Por esta razão, a opção pela China acaba por ser natural, porque “as decisões não demoram muito tempo a serem tomadas”.
Gunter Pauli também critica os norte-americanos por “se encontrarem perdidos no debate”. Na conferência que realizou ontem, o economista explicou que a economia azul passa por uma transformação radical através de uma utilização abundante dos recursos e da transferência de poder para as comunidades locais. A austeridade na Europa foi um dos argumentos utilizados por Pauli para convencer o auditório de que o seu projecto tem futuro, tendo revelado ao i que “a economia azul rejeita a austeridade provocada pelas políticas de Jean-Claude Juncker”.
DEMOCRACIA A crise das democracias foi motivo para uma conversa entre o i e Christopher Walker. O membro do International Forum for Democratic Studies fala hoje de manhã no Estoril sobre os problemas dos sistemas democráticos.
O norte-americano considera que “os países europeus têm muitos desafios pela frente porque as expectativas ficaram baixas após a crise financeira”, dando como exemplo os casos da Hungria e República Checa por causa da “falta de resposta dos partidos nacionalistas”.
A eleição do Syriza como partido do poder na Grécia e o crescimento do Podemos em Espanha não foram esquecidos. Christopher Walker entende que os resultados “reflectem uma frustração das pessoas perante o actual sistema”. A ideia defendida por Moisés Naim há dois dias sobre a fragmentação do poder foi corroborada pelo especialista, que culpa a “globalização e a internet por essa situação”. O norte-americano defende uma reforma do sistema eleitoral nos Estados Unidos, bem como alterações ao nível do financiamento das campanhas eleitorais.