Consegue imaginar Portugal com um primeiro-ministro homossexual?
Acima de tudo devem estar as qualidades de quem desempenha essa função. A homossexualidade não deve ser relevante, mas também não deve ser apagada, é uma característica identitária. Portugal é aquele país que fica surpreendido quando um jornal dá conta que existe um milhão de homossexuais, porque não temos uma em cada dez pessoas a assumir isso publicamente.
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Na política existem mais homossexuais do que aqueles que assumem publicamente?
Os números indicariam essa probabilidade, mas não só na política. Estamos longe de ter uma representação adequada da realidade.
Mas acha que há sectores da sociedade, como a política, em que o assumir tem ainda mais obstáculos?
Os sectores tipicamente masculinizados são aqueles mais marcados pelo sexismo e a homofobia mas, infelizmente, esse é um problema ainda bastante generalizado. No parlamento temos problemas de representação em várias categorias, existe até uma quota para a presença de mulheres.
Mas defende uma quota para homossexuais?
Não, defendo é que haja uma noção da importância da diversidade na representação política.
O facto de os deputados se assumirem era uma ajuda?
Claro que sim, até porque são um modelo para quem está a construir uma personalidade. Todas as figuras públicas têm um papel especialmente relevante e os políticos têm responsabilidades acrescidas.