Santa Maria. Doente com cancro no pulmão operado sem anestesia geral

Santa Maria. Doente com cancro no pulmão operado sem anestesia geral


As vantagens desta técnica são várias, garante profissional.


Uma cirurgia inédita em Portugal, realizada recentemente no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, permitiu operar sem anestesia geral e através de uma abertura de poucos centímetros um doente com cancro no pulmão.

O director do Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital de Santa Maria, do Centro Hospitalar de Lisboa Norte (CHLN), explicou que esta foi uma Cirurgia Torácica Vídeo Assistida (VATS) de porta única, que consiste na remoção de uma parte do pulmão, onde está o cancro, através de uma pequena abertura.

Esta parte do órgão afectado é retirada através de uma abertura de poucos centímetros, pela qual são introduzidos também os instrumentos necessários para a cirurgia.

Segundo Ângelo Nobre, as vantagens desta técnica são várias, uma vez que "o doente fica com uma cicatriz com quatro, cinco centímetros, e não é necessário um afastador de costelas, o que evita dor na recuperação.

Na cirurgia realizada no passado dia 30 de Abril, a técnica de VATS foi utilizada sem recurso a anestesia geral e sem que o doente fosse entubado.

"Com esta técnica, minimamente invasiva, o doente é sedado, não é entubado, não é sujeita às complicações da anestesia geral, que são mínimas, mas existem, e tem um acordar muito mais fácil", disse.

O cirurgião sublinhou que, com esta técnica, há poupança de tempo no bloco operatório, uma vez que os profissionais não têm de entubar o doente nem de retirar o tubo e a anestesia no final da intervenção.

Esta intervenção inédita em Portugal contou com a presença do cirurgião torácico Diego González-Rivas, do Hospital da Corunha, que desenvolveu a técnica da VATS de porta única, e que voltará ao Hospital de Santa Maria para orientar e apoiar a equipa portuguesa.

"O Dr. Diego González-Rivas e o anestesista que o acompanha voltarão até estarmos autónomos e ele nos disse que temos asas para voar", adiantou Ângelo Nobre.

Para já, foram operados dois doentes com esta técnica, os quais já tiveram alta e "encontram-se bem".

Segundo o CHLN, a técnica é realizada apenas por cirurgiões torácicos e em grandes centros de cirurgia torácica de países como a China, Rússia, Espanha e Reino Unido.

Lusa