A bola ainda não rolava e os adeptos já pressentiam o golo. Dificilmente a Fiorentina conseguiria recuperar de uma primeira mão desastrosa (0-3) mas este resultado era o ingrediente perfeito para um jogo repleto de ocasiões, com os italianos balanceados para o ataque, descurando a sua defesa.
Os primeiros minutos não desiludiram, com jogadas de perigo de ambos os lados. Aos 18’, a Fiorentina teve na cabeça de Rodríguez o tónico perfeito para dar início a uma reviravolta histórica, após um canto de Valero. Mas Rico, guarda-redes do Sevilha, apareceu como vilão em Florença e defendeu o impossível.
Uma tragédia que se preze só fica completa com a estocada final, que chegou aos 22’, com Bacca a dar o melhor seguimento a um livre de Banega. A Fiorentina perdeu o norte e a depressão acentuou-se ainda mais cinco minutos depois, aos 27’, pelo pé direito do português Daniel Carriço. Novo livre para a área, para Coke, que conseguiu descobrir o central no meio dos italianos. Era o 2-0, e agora o jogo resumia-se a uma questão de orgulho para a Fiorentina. A equipa viola voltou à carga com todos os homens, deixando o guarda-redes Neto entregue à sua sorte. E à terceira, já depois de uma série de bons ataques da equipa italiana, o Sevilha mostrou falta de pontaria, com Coke a falhar o golo, no meio da área, a caminho do intervalo.
Com a meia-final da Liga Europa praticamente perdida, a Fiorentina deixava nas mãos do Nápoles, também ainda em prova, a possibilidade de uma final entre italianos e espanhóis, tal como na Liga dos Campeões, onde o Barcelona e a Juventus vão discutir o troféu. Seria a terceira vez que tal poderia acontecer, depois do Dortmund-Juventus e Schalke-Inter em 1997, e do Barcelona-Arsenal e Sevilha-Middlesbrough em 2006. No primeiro caso, a sorte sorriu às equipas alemães e no segundo, às espanholas. Além disso, uma equipa italiana não chegava à final desta prova desde 1999, quando o Parma conquistou o título ao vencer o Marselha por 3-0. Eram anos de ouro do futebol italiano, que de 1989 a 1999 (11 edições) venceu a prova por oito vezes, com 14 equipas do país a marcarem presença nessas finais. Mas em 2015 nem uma lá chegaria.
A segunda parte teve no esloveno Ilicic o espelho de um resto de noite negra para a Fiorentina. Logo aos 52’, o atacante foi incapaz de desfeitear Rico. Mas o pior veio aos 67’, quando o compatriota de Ilicic, o árbitro Damir Skomina, apontou para a marca de grande penalidade, dando a oportunidade à Fiorentina para reduzir o resultado. Ilicic, sem arte nem engenho, atirou por cima. A partir daqui Rico continuou a defender tudo, e o resultado não sofreu mais alterações.
O Sevilha iguala, assim, o Borussia Mönchengladbach, a Juventus e o Inter com quatro finais da competição disputadas, podendo ser a única equipa a vencer todas elas. Volta também a repetir a presença na final, depois de no ano passado ter vencido o Benfica nas grandes penalidades. Apenas por seis vezes na história da competição uma equipa voltou à final no ano seguinte e só duas venceram ambas: o próprio Sevilha, em 2006 e 2007, e o Real Madrid, 1985 e 1986, numa altura em que a decisão ainda se disputava a duas mãos.