O Bayern fez metade do necessário para discutir a eliminatória com o Barcelona. Poucos acreditavam que os alemães pudessem marcar três golos à equipa de Luis Enrique. Certo é que, na Allianz Arena, os bávaros tiveram as oportunidades que faltaram em Camp Nou. Os três golos podiam ter levado a decisão para prolongamento, não fosse Neymar. O brasileiro aproveitou duas assistências de Suárez e arrumou com o sonho do Bayern em jogar a final de Berlim. Pep Guardiola não conseguiu levar de vencida a sua antiga equipa e os campeões germânicos voltam a cair na meia-final da Liga dos Campeões perante um clube espanhol. Desta vez Messi não fez nenhum golo do outro mundo, mas a chave do jogo esteve no trio atacante do Barça. No ano de estreia no banco catalão, Luis Enrique continua a perseguir o triplete (liga, Taça do Rei e Champions), algo que o seu amigo Pep conseguiu em 2009.
Um grande ambiente na Allianz Arena tentava empurrar o Bayern para uma reviravolta histórica. A derrota por 3-0 em Espanha reduzia bastante as probabilidades – um golo fora era essencial para os bávaros. Com Shakhtar e FC Porto os alemães tinham conseguido marcar 13 golos em casa. O Barça era outra conversa, mas com o 1-0 de Benatia logo aos sete minutos, o Bayern renascia na decisão do apuramento.
Um golo cedo significava uma importante injecção de moral. Era então tempo de os futebolistas alemães acalmarem a euforia e perceberem que havia tempo para tentar a remontada. Só que do outro lado está provavelmente o melhor trio atacante do futebol mundial. Os bávaros precipitaram-se e deixaram demasiado espaço nas costas da sua defesa, que viria a ser fatal. Aliás, já o tinha sido em 2013/14, quando o Real vencera por 4-0 em Munique. Quando se repetem os mesmos erros, o resultado dificilmente pode ser diferente.
Messi andava mais escondido mas lá acabou por descobrir uma linha de passe para isolar Suárez. O uruguaio ofereceu o golo a Neymar. Sem marcar em Barcelona, o Bayern ficava a precisar de quatro tentos para chegar à final. Até a palavra sonho começava a ser exagerada. E tudo ficou fechado pouco depois. Por Neymar, claro. A passe de Suárez. Mais uma vez com a adiantada linha defensiva bávara a ver jogar. Agora só à mão cheia a equipa de Guardiola passaria este cabo das tormentas que os catalães são para os adversários que os tentam dobrar.
O bis do avançado brasileiro acabava com a eliminatória mas não com o jogo. Os alemães recusavam ser humilhados como na época passada e o público continuava a apoiar como se estivesse 0-0. Quando o intervalo chegou, o Bayern poderia estar a vencer, não fosse uma grande exibição de Ter Stegen e a pontaria fraca dos seus avançados. Talvez a dúvida sobre o finalista pudesse ter durado até mais perto do final.
Na segunda parte o Bayern mostrou respeito pelo Barça, não arriscando tudo no ataque. Guardiola queria ganhar o jogo e pelo menos deixar uma boa imagem da sua equipa, mas sabia que no contragolpe os catalães transformariam o encontro em novo pesadelo. Sem baixar os braços, o Bayern assumia que o rival era superior. Lewandowski e Müller deram a volta ao marcador e os alemães conseguiam sair com honra desta meia-final. A questão ficará sempre no ar, mas como seria com Robben e Ribèry?
O futebol alemão dominou o Mundial-2014 e a Roja saiu humilhada na 1.ª fase. Muitos disseram que era o fim do domínio espanhol no futebol mundial. Estavam enganados. Real e Barcelona arrasaram o Bayern em duas épocas consecutivas. Os merengues são campeões europeus, os catalães para lá caminham. A equipa de Luis Enrique alcança a oitava final da sua história (venceu o troféu pela última vez em 2011, precisamente com Guardiola no banco). Se a equipa de Carlo Ancelotti ultrapassar a Juventus, a Champions voltará a ter uma final 100% espanhola. Messi já carimbou o passaporte para a capital alemã, Ronaldo ainda está na luta. Os dois melhores jogadores do mundo continuam a guerra taco-a-taco pelo título de melhor marcador de sempre da Champions. Hoje saber-se-á se o português também estará em Berlim, no dia 6 de Junho, quando for coroado o campeão europeu 2014/15.
