Vão em busca dos locais que lhe serviram de inspiração, disse fonte da junta.
Adolfo Correia da Rocha, que se tornou conhecido como Miguel Torga e se impôs como um dos maiores escritores portugueses do século XX, nasceu a 12 de Agosto de 1907, em São Martinho de Anta, concelho de Sabrosa, distrito de Vila Real, a 17 de Janeiro de 1995.
O presidente da Junta de Freguesia de São Martinho de Anta, José Luís Gonçalves, disse à agência Lusa que cerca de 5000 a 7000 pessoas visitam anualmente a terra natal do escritor transmontano “guiados” pela obra do autor.
“Miguel Torga constitui uma mais-valia cultural, turística e comercial para esta terra”, sublinhou.
O autarca falava à margem da primeira edição do festival literário Encontradouro, que decorre entre hoje e sábado, na terra natal do médico escritor e que presta uma homenagem ao autor, numa altura em que se assinalam os 20 anos da sua morte.
O palco da iniciativa é o Espaço Miguel Torga, projecto que contou com o apoio pessoal do ex-primeiro-ministro José Sócrates e foi desenhado pelo arquiteto Souto de Moura.
O presidente da Câmara de Sabrosa, José Marques, quer que este Espaço se torne num “ponto de partida” para uma viagem pelo território, seguindo precisamente os passos do escritor.
Para o autarca, a literatura pode ajudar ao desenvolvimento desta região.
José Luís Gonçalves acredita que, com a abertura ao público do Espaço Torga e da Casa Museu, que resultará da adaptação da antiga casa de Miguel Torga, em São Martinho de Anta, serão “cada vez mais os visitantes” a chegar à localidade.
Para já, os turistas chegam em excursões ou em carro particular e percorrem as ruas por onde passou o também médico de origem duriense.
Mas, segundo José Luís Gonçalves, são também muitos os aficionados pela arquitectura que querem conhecer a obra projectada pelo arquitecto vencedor do prémio Pritzker, em 2011, considerado o “Nobel da arquitetura”.
A viagem dos visitantes ou estudantes pelo “reino maravilhoso de Torga” poderá começar na sua terra natal, a Agarez que surge no livro “A Criação do Mundo”, e que funcionou como o espaço privilegiado de inspiração do escritor.
Do largo do Eirô, onde fica o velho negrilho que o poeta admirou e eternizou na sua escrita, pode seguir-se até à ermida de Nossa Senhora da Azinheira ou visitar o santuário rupestre de Panóias, já em Vila Real.
O Douro inspirou numerosos poemas, dispersos pelos sucessivos volumes do “Diário” de Torga, e foram vários os locais escolhidos pelo autor para contemplar a paisagem, designadamente o miradouro de São Leonardo da Galafura, onde, como descreve o escritor, “se avista o rio ao fundo a serpentear entre as montanhas”.
Aqui o visitante está em pleno Douro Vinhateiro, classificado pela UNESCO como Património Mundial, e pode ainda subir ao miradouro de São Salvador do Mundo, em São João da Pesqueira, e admirar o “paraíso suspenso” de Torga, constituído pelas quintas da região, produtoras de vinho do Porto.
Vila Real, Montalegre, Chaves, Vinhais, Bragança, Miranda, Freixo de Espada à Cinta, Barca d’Alva, Régua ou Lamego foram também outros locais calcorreados pelo autor.
O Encontradouro, que se vai estender de Sabrosa à Régua, une diversas artes em torno da literatura, como a pintura, a música e o cinema e quer tornar-se num evento de referência na cultura do norte interior.
Lusa