Trabalhadores dos transportes e autarcas do Bloco de Esquerda interpuseram no Supremo Tribunal Administrativo (STA) uma acção popular para tentar travar a privatização da Carris e do Metro, em Lisboa, anunciou hoje a porta-voz bloquista, Catarina Martins.
"Não é possível olhar para o frenesi deste Governo em final de mandato, a privatizar quase tudo o que ainda existe, sem preocupação. A poucas semanas de acabar o seu mandato, o Governo está a privatizar a TAP, o Oceanário, Transportes públicos do Porto e de Lisboa. Não é normal que um Governo em final de mandato esteja a privatizar tanto do que é colectivo de um país", afirmou, na sede lisboeta do BE.
Segundo a dirigente bloquista, a iniciativa junto do STA visa "travar a concessão a privados do Metro e da Carris", com o argumento de que "há competências que são da Entidade Metropolitana de Transportes e competências, no que diz respeito às infra-estruturas no solo e subsolo, que são da autarquia".
"O Governo decidiu privatizar o que não é seu, atropelando a autonomia do poder local e as competências próprias dos municípios. A concessão dos transportes públicos em Lisboa e no Porto é um desastre político, económico e social. Retira às autarquias um instrumento fundamental de ordenamento do território e da gestão da cidade", defendeu.
Para Catarina Martins, nestas "concessões a privados, a dívida que foi acumulada ao longo dos anos fica toda no Estado e o que é privatizado é a operação, ou seja, a parte da Carris e da Metro que hoje dá lucro ao Estado".
"Não há mecenas privados a investirem em transportes colectivos para oferecerem capital às cidades. O que querem fazer é tirar lucro dessas operações e, portanto, a expectativa é que queiram aumentar essas taxas de lucro, que as populações fiquem com menos serviços e esse serviço fique mais caro", anteviu.
Com Lusa