Metz.  Um verdadeiro clube de combate

Metz. Um verdadeiro clube de combate


O segundo álbum do trio canadiano é editado na segunda-feira. Sim, é mais uma sessão de pancada.


Alex Edkins está farto, não quer mais, já chega de esperar que o disco chegue ao mundo. Não está a contar mudar muitas vidas com as canções de “II” – “podia dizer algo do género, dava uma boa imagem, mas não vale a pena”, conta. Trata-se, isso sim, de tempo perdido: “O que por aqui anda é excitação, acima de tudo isso. Estou ansioso para que o disco saia, para que possamos andar para frente.

É sempre preciso esperar que façam os discos, aquele processo todo da impressão e das caixas… Bom, não vamos aborrecer os leitores com isso.” Não vamos, até porque isso das caixas já não diz muito a muita gente. Recordemos que o novo álbum dos Metz, o segundo, é editado segunda-feira. Sobre o assunto, estamos arrumados.

Da primeira vez, em 2012, este trio de Toronto chegou-se à frente com o maior estaladão na cara que esse ano recebeu. No género porrada rock’n’roll de garagem não houve outra igual (pensando melhor no assunto, também tivemos a maravilha que foi “Attack on Memory” dos Cloud Nothings… mas concentremo-nos nos canadianos, ninguém vai levar a mal). Três contra todos, com tudo o que era ouvidos a dizer “Nirvana, Nirvana” às primeiras notas mas a perceber que depois havia por ali algo mais, qualquer coisa de novo que era velho ao mesmo tempo. Por norma, é uma fórmula que tem resultados garantidos: conforta-se quem ouve com um regresso a uma zona segura para depois, quando a vítima menos espera, aplicar um golpe de século XXI sem piedade. Mas, enfim, isto somos nós a fazer ciência sem método experimental. 

Diz quem sabe – Alex, guitarrista e vocalista – que a música dos Metz tem conquistado amigos porque “é excitante”. Ou seja, “é difícil não reagir quando estamos a tocar”. Em relação à música, mais que tudo, que a combinação guitarra-baixo-bateria-voz-contra-o-universo-inteiro costuma ter esse impacto físico. “Mas também nas letras, bem sei que muitas vezes não se percebe o que digo mas isso não é novo e nunca impediu tanta e tanta gente, do punk ao hardcore ao metal, de fazer passar a sua mensagem.” Esta última é feita de “questões que assombram toda a gente”. Se Alex é um comum mortal então sofre dos problemas que nos afligem a todos, certo? “Certo.” Obrigado, senhor Edkins.

Podemos dizer então que “II” é o que se esperava: explosivo de garagem, não há detonadores porque isto já nasceu a arder, é deixar queimar e seguir-lhe o calor. Mas, ainda assim, há diferenças. Os Metz parecem mais preocupados com o que fazem, menos adolescentes nos detalhes, com a mesma instabilidade pós-juvenil de quem sempre quis partir ferro mas só agora tem legitimidade (que é como quem diz tempo e dinheiro) para o fazer e voltar para casa como qualquer um de nós. Alguém, por algum acaso, julgou que esta gente não tinha família, garagem ou cão? Claro que têm. Alex Edkins: “Não costumo mostrar as canções que vamos fazendo a muita gente, por norma as decisões passam apenas por nós os três. Mas em algumas ocasiões mostro algumas novidades à minha mulher. É bom porque ela só é nossa fã às vezes e é muito honesta nas opiniões.” Viram?

Mas e de onde vem o que Alex chama de “maior cuidado com quase tudo”? Da estrada, pois então. Depois do álbum de estreia, os Metz andaram dois anos entre concertos. “Dois anos, isso mesmo. Porque às tantas não conseguíamos dizer “não” aos convites que íamos recebendo.” Com tanto palco no currículo, estes três ganharam algo fundamental: “Aprendemos a tocar melhor e isso nota-se. Que venha de lá alguém dizer que isto é só pisar o pedal de distorção…” Mas Alex, dois anos é dose, não? “Há momentos em que o corpo dói”, diz-nos. “Mascomo nada disto é garantido, como nunca sabemos quando vai acabar, mais vale aceitar e entrar no jogo. Viajar pelo mundo inteiro para tocar a nossa música? Claro que sim, vamos a isso.” Vamos.