Em declarações aos jornalistas, à margem do 7.º Congresso da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), no Centro de Congressos do Estoril, Pedro Passos Coelho ressalvou que não gosta de se "pronunciar precipitadamente" sobre coisas que não estudou com detalhe, mas deixou "uma primeira opinião" sobre o plano macroeconómico do PS.
"De um modo geral, as medidas que são apresentadas visam menos resolver os problemas do país e mais ajudar o PS para as eleições. É assim uma impressão que me fica", declarou o chefe do executivo PSD/CDS-PP aos jornalistas, concluindo: "Elas são claramente representativas de uma estratégia económica que não é a nossa, é uma estratégia económica que o PS já defendeu no passado, já executou no passado e cujos resultados os portugueses conhecem".
Antes, na intervenção que fez no 7.º Congresso da CAP, Passos Coelho antecipou tempos "incomparavelmente mais risonhos", sustentando que as políticas seguidas pelo actual Governo deram lugar a "um novo ciclo de expansão económica e de criação de emprego", com "um crescimento económico em aceleração" e que se vai processar "sem produzir dívida pública nem dívida externa".
Neste discurso, advertiu para os perigos do "irrealismo" e do "optimismo no planeamento da política orçamental" e, no que respeita à agricultura, apontou-a como uma "aposta no futuro" da maioria PSD/CDS-PP, acusando os anteriores governos do PS de terem tratado o setor com indiferença.
Quanto ao plano macroeconómico do PS, o primeiro-ministro apontou as previsões nele contidas como "uma espécie de confissão envergonhada" de que "o país não se encontra nas mesmas circunstâncias de 2011", e de que hoje é possível "fazer escolhas com mais liberdade sobre o futuro".
Quanto às opções dos socialistas, considerou: "O que PS faz é, com menos prudência e, portanto, com mais risco, dizer que remove mais rapidamente medidas restritivas – tomara eu poder fazê-lo também, com alguma segurança – e que sobretudo aposta numa recuperação da nossa economia através do consumo: quer dizer, dando mais dinheiro às pessoas para as pessoas gastarem".
"Ora, isso de certa maneira, representa em termos de princípios e de filosofia um regresso ao passado", acrescentou.
No seu entender, "o PS prefere para já aumentar a despesa, depois logo veremos se as receitas virão ou não".
O Governo, contrapôs o primeiro-ministro, propõe "um caminho prudente, realista, que evita os erros do passado", e não está "a trabalhar para as eleições".
Interrogado se não há alternativas à estratégia do Governo, Passos Coelho respondeu: "Eu acho que alternativas há sempre, nunca me ouviu dizer que não havia alternativas, há alternativas. Vejo o que se está a passar na Grécia, é uma alternativa – que, penso eu, a maior parte das pessoas não deseja".
"Podemos sempre dizer que não cumprimos as regras, que não estamos disponíveis para atingir metas que as instâncias internacionais consideram relevantes para nos poderem financiar, e por aí fora. Essa alternativa existe sempre", prosseguiu, considerando que "há também alternativas que não são tão radicais, mas implicam riscos acrescidos, como aquela que foi apresentada pelo PS".
Lusa