Padaria do Povo. Cerveja e whisky que se vendem como pãezinhos quentes


Reza a história que foi a rainha D. Amélia que convenceu o governo do marido, D. Carlos, a construir a Padaria do Povo, em Campo de Ourique, para fabricar pão mais barato e distribuí-lo pelas zonas mais pobres de Lisboa. Desde o dia da inauguração passaram-se exactamente 109 anos e agora ali pão só se…


Reza a história que foi a rainha D. Amélia que convenceu o governo do marido, D. Carlos, a construir a Padaria do Povo, em Campo de Ourique, para fabricar pão mais barato e distribuí-lo pelas zonas mais pobres de Lisboa. Desde o dia da inauguração passaram-se exactamente 109 anos e agora ali pão só se for o dos hambúrgueres, pregos, tostas e bifanas que se servem na casa.

Estão lá dois fornos enormes, é certo, mas a sala da antiga padaria só se acende aos fins--de-semana e é com os bailes da terceira idade. Nada de pão e nas paredes do andar de cima da cooperativa podemos comprovar isso: “O pão é fresco, a cerveja mais ainda”, lê-se num cartaz ali colocado em Setembro, quando a cooperativa reabriu ao público depois de dois anos sem funcionar por complicações com as licenças e outras tantas reclamações de barulho dos vizinhos.

Se a rainha D. Amélia queria dar pão aos pobres, agora é o álcool que se vende como pãezinhos quentes na Padaria do Povo. Até às nove da noite a imperial custa 80 cêntimos, as minis 85 cêntimos (depois dessa hora o preço acresce 10 cêntimos), o whisky custa 2 euros e o moscatel está a 1 euro. Até parece que estamos fora de Lisboa.

“Venho para aqui desde os meus 14 anos”, diz-nos um homem ao balcão, depois de arriscar pedir a primeira (?) cerveja do dia. Diogo Fernandes, de 24 anos, um dos dois sócios que agora exploram o bar da cooperativa, lá o convence de que ainda é cedo e não estão a funcionar.

A nova Padaria do Povo mantém os clientes antigos que para ali vão jogar às cartas (alguns bem antigos), mas tem algumas inovações. Há setas para jogar, wi-fi para os clientes e uma nova esplanada feita de paletes de madeira que Diogo negociou por “5 euros e duas cervejas”, conta. “Fizemos tudo à mão, já tinha feito para minha casa mas ficaram horríveis e aqui tive a ajuda de um cooperante que viu nas revistas como se fazia. Acabámos por ser oito ou dez pessoas aqui a construir a esplanada, tipo linha de montagem.”

As cadeiras e as mesas do terraço ficam bem, mas ao fim de alguns minutos tornam-se desconfortáveis. “É por isso que estamos a pensar fazer uma festa da almofada”, continua Diogo. “No Inverno vamos fazer também uma festa do cobertor, para ver se as pessoas trazem cobertores cá para fora.”

Outra das grandes novidades da Padaria são os petiscos, que também são servidos ao almoço: salada de polvo, pimentos padrón, moelas, pica-pau, amêijoas à Bulhão Pato, ovos mexidos com farinheira… Também se servem jantares de grupo, com bebida à discrição por 12,50 euros.

Hoje, e para celebrar o aniversário, há uma happy hour das 18h00 às 21h00 com oferta de tapas na compra de bebidas.

Rua Luís Derouet, 20, Lisboa. Sexta, sábado das 12h00 às 2h00. Domingo a quinta até às duas