
Homem de direita, Henrique Raposo não se deixa condicionar com os rótulos infundados de “fascista” que a extrema--esquerda tenta colar-lhe sempre que pensa fora da caixa. Com um pensamento não politicamente correcto, o cronista do “Expresso” elogia o progresso económico e social que o regime democrático trouxe a Portugal sem deixar de constatar que o crescimento económico e as conquistas sociais começaram nos anos 60 com Marcello Caetano. Raposo considera que a influência excessiva do PCP na construção do regime democrático tem condicionado todo o sistema político, a começar pela aliança governamental de esquerda.
Nasceste em 1979, por isso não podes responder onde estavas no 25 de Abril. Quais as tuas primeiras memórias sobre o 25 de Abril?
Tem a ver com as diferenças de opinião dos meus pais. Os meus pais eram operários. A minha mãe trabalhava numa fábrica de telefones, fazia aqueles fusíveis dos telefones, e foi muito politizada pela esquerda. Esteve muito alinhada com o PC mas depois teve uma enorme briga com os sindicalistas e percebeu rapidamente a sua mentalidade autoritária. Queriam dizer-lhe o que tinha de pensar. Por vezes chamavam-lhe “fascista” e “traidora”, porque pretendia acabar o trabalho em vez de fazer greve. A minha mãe era muito emancipada para a época e os comunistas não gostavam disso – eram tão castradores como os salazaristas. Em relação ao meu pai, ele nunca gostou do 25 de Abril porque o pai dele era comunista. Também era operário e não gostou daquilo que viu logo a seguir. Manteve--se sempre à margem porque percebeu que aquilo ia dar buraco. As fábricas do meu pai foram aguentando, mas a da minha mãe fechou.
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