
O sistema de identificação de cores para daltónicos ColorADD, desenvolvido por Miguel Neiva e aplicado nos lápis Viarco, é o único português entre os 15 finalistas do prémio europeu "Cocriação Social e Empresarial", disputado por 338 projetos de 34 países.
\r\nA seleção das melhores candidaturas coube a um júri que integra várias entidades relevantes no universo do Empreendedorismo Social europeu - entre as quais as fundações Ashoka, Guilé e a que organiza as conferências de Zermatt - e o prémio a atribuir no dia 27 de junho pretende reconhecer as parcerias mais inovadoras entre organizações sociais, empresas tradicionais e instituições públicas.
\r\nPara o designer Miguel Neiva, que dedicou oito anos de investigação ao referido código de cores e depois desenvolveu com a marca Viarco a sua aplicação prática na identificação de artigos de escrita, este é "um momento de grande orgulho".
\r\n"O ColorADD já tem mais de 200 aplicações diferentes, nos transportes, nos equipamentos de saúde, no vestuário, etc., e está a beneficiar uma comunidade global que envolve 350 milhões de pessoas daltónicas em todo o mundo", declarou o designer à Lusa.
\r\n"Este crescimento demonstra que a colaboração entre o segundo e o terceiro setores faz todo o sentido, e é prova de que o desenvolvimento económico também pode transformar o mundo e torná-lo mais inclusivo para todos", acrescenta.
\r\nAlém da comunidade daltónica, que Miguel Neiva estima em 10% da população mundial masculina e 0,5% da feminina, o ColorADD também já vem sendo adaptado a cidadãos cegos e autistas, pelo que o ensino do código já chegou às escolas.
\r\n"Portugal foi um cenário de teste, mas daqui o sistema já seguiu para o Japão, o Brasil, a Holanda e muitos outros países", revela o designer. "Está a ser ensinado nas escolas e ainda tem muito mais potencial de crescimento", garante.
\r\nPara José Vieira Araújo, diretor-geral da Viarco, a pré-seleção do ColorADD "entre mais de 300 candidaturas é sinal de que as boas ideias podem ter sucesso em qualquer lugar do mundo".
\r\nAdmitindo que a empresa de S. João da Madeira "é de essência artesanal" e não pode competir em igualdade de circunstâncias com fabricantes de dimensão "incomparavelmente maior ", o empresário defende que "conceitos como este [do código para daltónicos] garantem às marcas a diferenciação do seu produto e uma reputação de qualidade".
\r\nOs efeitos sociais dessa estratégia são benefícios adicionais. "As empresas não podem fugir à sua responsabilidade social e neste caso estamos a contribuir para melhorar a vida de milhares de pessoas em todo o mundo", afirma José Vieira Araújo. "É uma sensação porreira", confessa o empresário.
\r\n*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico