É o único candidato que já está na estrada oficialmente e garante que a crise política não o vai tirar de lá. Luís Marques Mendes tem-se multiplicado em contactos e continua a recolher apoios. A preocupação é alargar o mais possível o espaço político e distanciar-se da imagem de candidato partidário.
Militares ao lado de Marques Mendes
Consciente de que o almirante Gouveia e Melo é o seu principal adversário, Marques Mendes valoriza de forma particular os apoios que lhe chegam de ex-chefes militares. Nos últimos dias chegaram apoios de peso desta área : Pina Monteiro (Ex CEMGFA), Taveira Martins e Manuel Rolo (EX CEMFA).
O candidato presidencial também tem vindo a recolher apoios em outras áreas, com prioridade a nomes independentes que se situam politicamente numa área mais de centro esquerda. Amílcar Falcão, reitor da Universidade de Coimbra e Jonatas Machado, diretor da faculdade de Direito da mesma universidade são dois nomes que se juntam à lista de apoiantes do candidato, onde constam também nomes da área da cultura como António Sala, Marina Mota, Carlos Cunha, Rita Salema e Adriano Jordão e ainda o conhecido médico Manuel Antunes.
A par com a recolha de apoios, Marques Mendes mantém o programa que já tinha delineado antes do desencadear da mais recente crise política que ditou eleições legislativas antecipadas no mês de maio. Na próxima semana tem previsto um encontro com uma associação de empresários do centro do país e prossegue o roteiro especialmente dedicado aos jovens, com presenças em várias universidades e politécnicos espalhados pelo país.
Nem bloco central, nem geringonça
Questionado sobre as soluções políticas para o futuro, num cenário de grande instabilidade, Marques Mendes lançou uma proposta de compromisso entre os dois maiores partidos, PS e PSD, que rapidamente foi interpretada como uma espécie de bloco central.
Ao Nascer do SOL, o candidato esclarece que o que propõe não tem nada a ver com bloco central, nem implica acordos nem de Governo, nem de incidência parlamentar.
«A questão da estabilidade é capital», refere o candidato presidencial que adianta que é necessário encontrar uma solução de estabilidade, independentemente do quadro político que saia das eleições de 18 de maio. «Não se pode andar de eleições de ano a ano e só há duas formas de resolver a questão da estabilidade: ou os eleitores resolvem, ou é preciso dar condições para que governos minoritários possam resistir». É no quadro de um resultado eleitoral semelhante ao que resultou da última ida às urnas que Marques Mendes considera que compete aos dois maiores partidos assumirem um compromisso mínimo para a estabilidade: «Comprometerem-se a não apresentar moções de censura, nem moções de confiança; e comprometerem-se a negociar orçamentos».
Luís Marques Mendes diz que não está a propor nada de muito diferente do que Marcelo Rebelo de Sousa fez quando liderou o PSD e o Partido Socialista liderado por António Guterres tinha um Governo minoritário. Nessa altura, o agora Presidente da República justificou a garantia de passar os orçamentos do Governo PS para garantir que o país tinha condições para entrar no euro. Agora, diz Marques Mendes «não estamos numa situação muito diferente. Os dados económicos são bons, mas se o país passa para o exterior uma imagem de instabilidade permanente, esse quadro altera-se rapidamente». Além da questão económica, o candidato considera que a incerteza e instabilidade que se vive no mundo são suficientes para que o país leve a sério a questão da estabilidade política.
Mas deve este compromisso ser assumido pelos dois partidos em tempo de campanha eleitoral? «Não, não há ambiente para compromissos na campanha, esta é uma matéria para o pós eleições».
E o Presidente da República deve ser ele a intervir para que haja esse compromisso? «Se for preciso pode ser mediador, mas só no caso de os partidos não se entenderem».
Numa altura em que está praticamente sozinho em campanha, Marques Mendes faz, desta altura, um laboratório de ideias para o que pode vir a fazer quando e se chegar ao Palácio de Belém.
«É preciso passar do diagnóstico para a ação», afirma, ao mesmo tempo, que relembra que foi Fernando Medina que lembrou que na declaração de voto que escreveu depois da votação da moção de confiança é suposto os governos durarem quatro anos. Para que isso possa acontecer no cenário de um Parlamento fragmentado são precisas propostas, «e esta é uma».