São muitos e variados os bares de Lisboa, já por aqui o tinha referido recentemente. A cultura da cidade mudou e hoje quem tem mais de 30 anos, prefere beber um copo ao final da tarde ou logo a seguir ao jantar do que ficar a dançar até de manhã. O conceito de discoteca perdeu alguma magia, os boémios fumadores deixaram de puder fumar na pista e hoje em dia as próprias sensações que emanam desses espaços não são as mesmas. Muito telemóvel e vontade para gravar os momentos e pouca disponibilidade para os viver. A noite era especial também por isso, pela explosividade e imprevisibilidade, pelo seu mistério e sensualidade. Deixa de existir esse cocktail de emoções ela perde também parte do seu encanto. Depois há também uma necessidade das pessoas se deitarem mais cedo para acordar mais cedo incutindo nas suas vidas hábitos mais saudáveis. A vontade de procurar qualidade ao invés de quantidade é outra das razões para que os sítios mais pequenos que apostam produtos melhores saiam valorizados. Dos copos aos componentes das bebidas tudo conta.
Ali para os lados do Príncipe Real existe um bar de nome GQ Atelier Bar. Bem pequeno, deve levar cerca de 30 pessoas sentadas mais 5 ao balcão. Bem decorado, com um atendimento simpático e explicações detalhadas para cada bebida. É o bar ideal para quem gosta de sair sozinho e falar com desconhecidos. Na barra do do bar existe sempre espaço para dois dedos de conversa com um barman “old school” brasileiro e cheio de histórias para contar. Esta minúscula sala fica situada na Calçada Engenheiro Miguel Pais, no número 3. As bebidas não são propriamente baratas mas pode encontrar grandes escolhas na estante que fica exatamente nas costas do senhor vestido a preceito que vai trabalhando o mixer com mestria. É uma excelente escolha para um encontro a dois se quer passar despercebido.
Na Praça das Flores surgiu novo speak easy, mais um dos muitos que vão nascendo. Aliás não é mais um, este que se esconde por trás de uma loja take-away de massas italianas frescas, tem uma inspiração bem especial. Nem mais nem menos que a icónica série que recriava a máfia de Nova Iorque dos anos 60, “Os Sopranos”. Uma das mais premiadas de sempre. Voltemos ao espaço. Escuro e intimista, o “The Front Bar” tem um ambiente exclusivo e cosmopolita que reflete a Lisboa dos dias de hoje. As sócias uma de nacionalidade romena e outra alemã remetem-nos para esse mesmo multiculturalismo que por cá se instalou em definitivo. Por isso não se admire se encontrar por ali poucos portugueses. Os cocktails artesanais e de assinatura são um dos pontos de interesse, bem como a inconfundível música passada em vinil. Para além das bebidas tem alguns pratos que dão para comer à mão. Para além da sala principal tem uma outra privada para grupo de 12 pessoas.
Finalmente falo-vos do BAZ Lisboa no 28 da Rua da Boavista. Os proprietários dizem não se tratar de um restaurante mas de um “audio-resto-bar”. E o que é isso? É um local onde pode comer, beber e ouvir música. Com a particularidade deste transpirar bom gosto por todos os poros. O ambiente é sofisticado, nota-se que quem o procura tem um toque especial. O Chateaubriand (lombo de vitela de leite grelhado ) vale mesmo a pena e as bebidas são todas bem servidas. O menu funciona de forma sazonal procurando trabalhar sempre os ingredientes mais frescos. Três sugestões das muitas (e boas) que vão nascendo pela nossa Lisboa.