“Não tenho razão para me demitir”


Primeiro-ministro diz que não se demite e que não cometeu nenhum crime. Já Pedro Nuno Santos garante que não vai recuar na votação contra a moção de confiança


Bruno Gonçalves

Luís Montenegro garante que “não recebeu nenhum benefício” da empresa Spinumviva , desde que é líder do PSD. Em entrevista à TVI/CNN, na véspera da votação da moção de confiança no Parlamento, o primeiro-ministro lamenta que “os esclarecimentos nunca sejam suficientes”. 

Ainda assim, volta a sublinhar que a empresa familiar não é uma imobiliária e enquadra-a na “proteção de dados”.  Refere também que “desde agosto de 2023, 99% da faturação constitui-se através dos cinco clientes regulares”, identificados no comunicado da empresa familiar, que inclui a Solverde e a Rádio Popular. Erepete, por mais de uma vez: “Não faço, não fiz e não farei fretes a ninguém”.

Montenegro nega ainda que a Spinumviva tenha servido para financiar a campanha interna do PSD. “Era o que faltava. Não saiu um cêntimo da empresa para ninguém. Zero de dividendos”, remata.

Sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito avançada pelo PS, garante: “A oposição vai ter uma surpresa grande, porque não vai encontrar aquilo que quer encontrar”.

Quando confrontado sobre o porquê de não se ter demitido, o primeiro-ministro insiste: “Não tenho razão para me demitir. Não violei nenhuma regra”.

Em relação à Joaquim Barros Rodrigues & Filhos, empresa responsável por metade de faturação da Spinumviva em 2022 e que pertence a Jorge Barros Rodrigues, pai de João Rodrigues, candidato do PSD à Câmara de Braga, Montenegro esclarece: “Essa empresa contactou-me ainda não existia Spinumviva. Aquilo que me foi pedido não era um trabalho de advocacia. Olhar para uma determinada situação empresarial, que passava pela exploração de quase duas dezenas de postos de combustíveis e perspetiva uma forma de ultrapassar os constrangimentos da empresa através de um novo modelo de governação”.

Sobre o facto de ter estado hospedado num hotel de cinco estrelas enquanto esperava o fim das obras na nova casa, justifica que “tinha direito a ter uma vida mais privada e recatada” e garante: “Fui eu que paguei”.

Já Pedro Nuno Santos iniciou esta segunda feira à noite a narrativa que tenciona aprofundar na campanha eleitoral. Em entrevista à SIC, explica que não pode recuar na votação contra a moção de confiança porque “a palavra é o maior ativo de um político” e repetiu várias vezes que nunca aprovaria uma moção de confiança. Depois, o líder do PS elencou as dúvidas que neste momento se avolumam em relação à atuação do primeiro ministro, garantindo que neste momento são precisos documentos para esclarecer tudo.