A primeira mão dos oitavos de final correu particularmente bem às equipas visitantes, especialmente às inglesas. Nos oito jogos realizados, conseguiram cinco vitórias, só o Real Madrid e Bayern Munique salvaram a honra da casa e o Dortmund não fez muito melhor ao empatar. Posto isto, a segunda mão deve ser um mero cumprir de calendário com vista aos quartos de final, onde volta a haver jogos que davam uma boa final.
A primeira mão disputada no Estádio da Luz correu francamente mal ao Benfica, que fez 26 remates, oito à baliza, mas não conseguiu marcar, e até ofereceu o golo da vitória ao Barcelona. Embalado por essa estatística, Bruno Lage não poupou nas palavras e, no final da partida, “disparou”: “Vamos a Barcelona para vencer e passar a eliminatória”. Hoje, no bonito Estádio Olímpico Lluís Companys, em Montjuïc, o treinador do Benfica ou entra na história e surpreendente a Europa do futebol ou cai no ridículo de falar demais para acalmar a nação benfiquista… e não é a primeira vez que o faz no decorrer desta época.
O Benfica perdeu o primeiro jogo por culpa própria. Teve várias oportunidades para marcar e com mais acerto podia ter ganho o jogo. Assim, foram os catalães que fizeram a festa na Luz, e que festa fizeram…, com a ajuda de António Silva. A segunda mão realiza-se hoje (17h45) e as contas são fáceis de fazer; o Benfica precisa de vencer por dois golos de diferença. Até podemos acreditar que os encarnados possam marcar, mais difícil de acreditar é que não sofram qualquer golo. O Barcelona é a equipa mais concretizadora, com 29 golos em nove jogos, o que dá uma média de 3,2 golos por jogo. A este valor junta uma eficácia de passe de 87,6% e uma posse de bola de 57,3%. Resta saber como vai a equipa catalã reagir ao choque causado pela morte do médico Carles Miñarro, no sábado, poucas horas antes do jogo contra o Osasuna. Hansi Flick admitiu que “foi uma grande perda, mas a equipa está a reagir bem à situação. Estamos muito concentrados. Queremo jogar e ganhar por ele”, disse o treinado do Barcelona.
O Benfica tem mais jogos realizados porque disputou o playoff e marcou 20 golos em 11 partidas, com uma média de 1,8 golos por jogo. Na eficácia de passe está próximo do Barcelona com 81,2%, mas perde claramente na posse de bola de 45,5%. Além disso, não vai poder contar com Di Maria, ainda a recuperar de lesão, e com o defesa esquerdo Carreras, que secou literalmente a estrela “culé” Lamine Yanal nos dois jogos anteriores. Espera-se o regresso de Florentino e Tomás Araújo, o que a acontecer são dois importantes reforços. O Benfica vai ter outra dificuldade que é parar a linha ofensiva do Barcelona, onde Robert Lewandowski e Raphinha estão de “pé quente” com nove golos cada, e apenas a um golo de distância de Serhou Guirassy (Borussia Dortmund), o melhor marcador da competição.

Madrid em polvorosa
A segunda parte do “El Clásico” joga-se no Metropolitano e o Atlético Madrid quer recuperar da desvantagem (2-1) trazida do Santiago Bernabéu. A eliminatória não está fechada, longe disso, e o campeão europeu Real Madrid pode ver ameaçado o seu domínio na Liga dos Campeões. O futebol sem grande beleza e, por vezes, matreiro de Diego Simeone pode causar problemas a uma equipa que privilegia o ataque e que vai poder contar com Jude Bellingham. O treinador do Atlético Madrid acredita nos seus jogadores e nos adeptos, “é sempre um incentivo jogar em casa. Os adeptos incentivam-nos e dão-nos energia, por isso vamos precisar mesmo muito deles”, frisou. Esse apoio vai ser ainda mais importante depois da inesperada derrota frente ao Getafe para a liga espanhola.
Relativamente à segunda mão, Carlo Ancelotti disse: “Vou desfrutar do jogo. Conseguimos uma pequena vantagem e estamos desejosos de passar a eliminatória. O Atlético vai pressionar um pouco e vai ser difícil. A qualidade das duas equipas é muito elevada. São oitavos de final, mas pode ser uma meia-final ou final”. O vencedor desta eliminatória pode defrontar nos quartos de final o Arsenal, que está praticamente apurado com a goleada imposta ao PSV (7-1).
Depois da vitória (0-1) em Paris, o Liverpool tem a eliminatória bem encaminhada, até porque joga em casa, mas o PSG tem jogadores capazes de criar problemas aos reds. No jogo da primeira mão, a equipa de Luis Enrique foi dominadora e teve várias ocasiões para marcar. O Liverpool fez apenas dois remates e marcou no único remate enquadrado à baliza, a três minutos do fim. Apesar do resultado negativo, o treinador do PSG está confiante: “Vamos a Inglaterra mostrar que somos a equipa que merece passar. Não temos nada a perder”, o aviso está feito. A equipa que se apurar vai possivelmente defrontar o Aston Villa, que ganhou, na Bélgica, ao Brugge (3-1).
O jogo Lille-Borussia Dortmund vai sentenciar uma eliminatória que está em aberto depois do empate (1-1) na primeira mão. Há um dado importante, em casa o Lille derrotou o Real Madrid e marcou seis golos ao Feyenoord. O vencedor segue para os quartos de final onde vai defrontar o Barcelona ou Benfica. Com os triunfos folgados na primeira mão, o Bayern Munique e o Inter Milão têm o apuramento praticamente garantido e podem encontrar-se nos quartos de final. Caso confirme o apuramento, o Bayern chega pela 22.ª vez aos quartos de final, um recorde na era da Liga dos Campeões.
Mais portugueses
O Guimarães continua a surpreender na Liga Conferência. Depois de ter concluído a fase de liga no segundo lugar, a equipa vimaranense foi a Sevilha empatar com o Betis (2-2) na primeira mão dos oitavos de final, e deixou tudo em aberto para o jogo de quinta-feira (20h00), na Cidade Berço. Na Liga Europa, o Manchester United de Ruben Amorim empatou (1-1) em casa da Real Sociedad e pode resolver a eliminatória em Old Trafford. Em sentido oposto, o Fenerbahçe, treinado por José Mourinho, foi derrotado em Istambul (1-3) pelo Rangers e, na Escócia, pode dizer adeus à prova.
A derrota do Benfica e o empate do Guimarães colocam Portugal na quinta posição no ranking da UEFA referente à época 2024/25. Está cada vez mais longe dos dois primeiros lugares, que garantem duas equipas com entrada direta na Liga dos Campeões da próxima época. No acumulado dos últimos cinco anos, Portugal ocupa a sétima posição e continua a atrasar-se relativamente aos Países Baixos.