Ser mulher num cargo de topo significa enfrentar desafios diários com determinação e resiliência. Não basta apenas alcançar uma posição de liderança – é preciso mostrar todos os dias que o mérito, a competência e a visão estratégica não têm género. Quando assumi a liderança da Remax Portugal, não pensei no facto de ser mulher, mas sim no que poderia fazer para transformar a empresa e criar oportunidades para todos. O sucesso não depende do género, mas sim da capacidade de inovar, de trabalhar arduamente e de ter coragem para tomar decisões difíceis.
Ao longo dos anos, a presença feminina na liderança tem evoluído, mas ainda há barreiras a superar. No passado, poucas mulheres tinham oportunidades reais de ocupar cargos de decisão. Muitas possuíam talento e ambição, mas enfrentavam preconceitos e estruturas que dificultavam o seu crescimento. Felizmente, o mundo mudou, e hoje as mulheres estão mais representadas em diversas áreas, incluindo o setor imobiliário. Ainda assim, o equilíbrio não é total. Em Portugal, cerca de 30% dos cargos de gestão são ocupados por mulheres, um progresso significativo, mas ainda distante da igualdade.
Na Remax, vejo esta mudança na prática. Mais de metade da nossa rede é composta por mulheres, e muitas assumem posições de destaque. Acredito que um ambiente de trabalho onde se valoriza a competência acima de qualquer outro critério permite que cada pessoa possa desenvolver o seu potencial ao máximo. Desde o início, sempre defendi que o talento deve ser reconhecido pelo mérito, e não pelo género. O mercado precisa de lideranças diversas, e as mulheres trazem características fundamentais para a gestão moderna: visão estratégica, resiliência, empatia e uma grande capacidade de adaptação.
Ao longo da minha carreira, tenho feito o possível para ter equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. Como mãe e CEO, foi obrigatório estabelecer bem as minhas prioridades. Procurei sempre o sucesso, mas nunca deixei de colocar os meus filhos em primeiro lugar. Quando eles estavam na escola, saíam e iam ter comigo ao trabalho, para depois seguirmos todos para casa. Depois eu tratava de tarefas pendentes enquanto eles faziam os trabalhos de casa, pois era mais uma forma de estarmos juntos. Acredito que temos de fazer uma boa divisão do tempo e focar no que é importante naquele momento. Se estou a trabalhar, estou 100% focada. Se estou com a família, estou completamente presente para eles. Para muitas mulheres, este continua a ser um obstáculo real. Ainda existe a perceção de que uma carreira de topo exige sacrifícios pessoais excessivos, o que pode afastar talentos femininos de posições de liderança. Por isso, as empresas precisam de criar condições para que mais mulheres possam crescer profissionalmente sem terem de abdicar da vida pessoal.
Além dos desafios externos, há também um desafio interno: a confiança. Muitas mulheres, mesmo quando altamente competentes, hesitam em assumir cargos de topo porque duvidam de si mesmas. Acredito que a autoconfiança é essencial para o sucesso. Devemos acreditar no nosso valor, preparar-nos bem e avançar sem medo. O sucesso não acontece por acaso – é o resultado do esforço contínuo, da aprendizagem constante e da capacidade de superação.
Para as futuras gerações de líderes femininas, o meu conselho é claro: não aceitem limitações. O mundo precisa de mais mulheres em posições de topo, e cada uma de nós tem um papel a desempenhar nessa mudança. Encontrem mentores, desenvolvam as vossas competências e nunca deixem que o medo vos impeça de avançar. O caminho para a igualdade continua a ser trilhado todos os dias. Hoje, há mais exemplos de mulheres a liderar empresas, e cada conquista abre portas para outras.
O futuro pertence a quem ousa sonhar e trabalhar para concretizar esses sonhos. Juntas, podemos transformar o mundo do trabalho, tornando-o mais inclusivo, mais justo e mais preparado para enfrentar os desafios do amanhã.
CEO da Remax Portugal