Ucrânia. Zelensky disposto a deixar presidência em troca de adesão à NATO

Ucrânia. Zelensky disposto a deixar presidência em troca de adesão à NATO


“Se realmente precisarem que eu deixe o meu cargo, estou disposto”


O presidente da Ucrânia disse este domingo que está disposto a deixar a presidência “imediatamente” em troca da adesão do seu país à NATO. Uma adesão a que os EUA parecem opor-se, num contexto de aumento das tensões entre Kiev e o presidente norte-americano, Donald Trump.

“Se realmente precisarem que eu deixe o meu cargo, estou disposto”, garantiu Volodymyr  Zelensky numa conferência de imprensa em Kiev. “Posso trocar [a presidência] por [uma adesão à] NATO”, acrescentou o presidente ucraniano.

Recorde-se que o presidente dos EUA, Donald Trump, qualificou de “ditador” o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, num momento em que surgem crescentes tensões entre Kiev e Washington.

“Zelensky, um ditador sem eleições, deve atuar rapidamente ou não lhe restará um país”, escreveu Trump na sua rede Truth Social sobre o líder ucraniano, cujo mandato de cinco anos terminou em 2024.

Contudo, a lei ucraniana permite que as eleições possam não ser realizadas durante o tempo de guerra.

Na mesma conferência de imprensa, o Presidente ucraniano reiterou disponibilidade para assinar o acordo proposto pelos EUA sobre os recursos naturais, mas sublinhou que não assina nada que ponha em risco o futuro dos ucranianos, e convidou Trump a visitar o país.

“Não assinarei nada que tenha que ser pago por gerações e gerações de ucranianos”, Volodymyr Zelensky na véspera do dia em que se assinalam três anos da invasão russa da Ucrânia.

O Presidente ucraniano referia-se ao acordo proposto pelos EUA para beneficiar de 50% dos recursos naturais ucranianos como pagamento pela assistência oferecida desde o início da invasão russa.

Zelensky voltou a afirmar o direito da Ucrânia de exigir as suas próprias condições no acordo, sublinhando que este deve ter em conta os interesses tanto de Washington como de Kiev. “Só quero um diálogo com o Presidente [Donald] Trump”, disse.

Nesse sentido, levantou a hipótese de os recursos naturais que a Ucrânia poderia partilhar com os EUA incluírem os que se encontram em depósitos sob controlo russo. “Vamos fazer 50-50, incluindo os territórios ocupados”, sugeriu, explicando que isso estimularia o interesse dos EUA em ajudar Kiev a recuperar esses territórios.

O Presidente ucraniano convidou ainda o homólogo norte-americano a visitar a Ucrânia e manifestou a sua disponibilidade para se deslocar aos EUA para se encontrar com Trump.

A Ucrânia, assegurou, quer que a guerra termine, mas para aceitar um acordo de paz precisa de sólidas garantias de segurança dos seus aliados para evitar novas agressões militares russas no futuro.