Distribuição desigual da capacidade de inovação do Norte

Distribuição desigual da capacidade de inovação do Norte


Norte corre “um risco elevado” devido à “emigração líquida de pessoas com idades compreendidas entre os 15 e os 39 anos”


A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) considerou, num relatório que será apresentado na sexta-feira, que o Norte tem “vantagens claras” na inovação e desenvolvimento. No entanto, a sua capacidade está “distribuída de forma desigual” pela região.

“O Norte, a região mais populosa de Portugal, apresenta vantagens claras em termos de inovação e empreendedorismo, com um setor industrial forte. No entanto, a sua capacidade de inovação está distribuída de forma desigual pelo território”, pode ler-se no relatório Repensar a Atratividade Regional na Região Norte de Portugal.

O documento será apresentado na sexta-feira, em São João da Madeira, no âmbito do Comité de Acompanhamento do Programa Norte 2030.

De acordo com o texto, citado pela agência Lusa, a capacidade de inovação da região “não resultou num aumento da produção económica e da produtividade”, e “para evitar ser apanhada numa armadilha de desenvolvimento de talentos, a região deve enfrentar os atuais desafios na área da habitação e melhorar o bem-estar dos residentes“.

O documento refere que o Norte corre “um risco elevado” devido à “emigração líquida de pessoas com idades compreendidas entre os 15 e os 39 anos”.

No Norte, “a AM [Área Metropolitana do] Porto, o Ave e o Cávado são líderes nacionais e da UE em Inovação e Empreendedorismo, enquanto outras sub-regiões lutam para beneficiar desta força regional”, diz a OCDE. 

O relatório assinala que “o financiamento da UE tem sido fundamental para reforçar o desenvolvimento regional em Portugal e no Norte”, num contexto de “uma estrutura governamental altamente centralizada”.

A OCDE deixa ainda seis recomendações de políticas para a região, considerando que deve “apoiar a transição para atividades de maior valor acrescentado e incentivar o investimento e a inovação das PME [pequenas e médias empresas] nas principais indústrias transformadoras”.

A região deve também “preparar o setor industrial para a transição ecológica, assegurando a disponibilidade das competências necessárias na região” e “alargar a oferta de habitação nas sub-regiões mais densamente povoadas do Norte, em particular nos concelhos urbanos que enfrentam maiores desafios”.

Por fim, considera que “nos territórios de baixa densidade do Norte é necessário melhorar a oferta de serviços públicos, como os cuidados infantis e a educação, para atrair e reter talentos“, e que se deve “promover o investimento na região através de uma abordagem nacional e territorial mais integrada”.

“Consolidar o quadro institucional e melhorar a governação a vários níveis no Norte, assegurando estruturas claras de cooperação entre diferentes entidades e níveis de governo”, é a recomendação final do documento.