A Verdadeira Alquimia


A verdadeira alquimia ocorreu apenas em 1950 a sul da cidade de São Francisco, quando pela primeira vez foi utilizada areia para desenvolver artefactos tecnologicamente muito evoluídos e indispensáveis para a sociedade atual.


A alquimia, que é considerada uma teoria obsoleta ou uma pseudociência, mas também a precursora da química, foi exercida desde o ano 300 antes de cristo na Índia, na China, no Egito e na Grécia, teve como objetivos principais a transmutação de metais inferiores em metais nobres, designadamente em ouro; e a obtenção do «elixir da longa vida», um remédio capaz curar todas as doenças e até evitar a morte.

Esta prática foi muito desenvolvida na idade média, onde esteve ligada ao oculto e ao misticismo, mas também a experiências inovadoras relacionadas com a tentativa de transformação de metais, o que lhe valeu a designação de química da idade média.

Ao longo dos anos, muitos alquimistas tentaram a transformação de materiais inferiores em materiais superiores, com, por exemplo, Nicolau Flamel, que no século XIV teve uma «livraria» em Paris e ficou famoso por, depois 21 anos de tentativas, ter decifrado o conteúdo de um manuscrito onde era explicado o processo alquímico de transformação de chumbo em ouro. Flamel escreveu todo o processo em código, porque queria que apenas o seu sobrinho conhecesse o processo.

No século XVIII uma dupla de decifradores tentou produzir ouro seguido as instruções do alquimista Flamel, mas não tiveram sucesso. Ainda no século XVIII, outros alquimistas fizeram a mesma tentativa com igual fracasso.

Na Segunda Guerra Mundial, a Alemanha, devido a ter perdido colónias na sequência do Tratado de Versalhes (1919), teve dificuldades de abastecimento de petróleo, pelo que recorreu a alternativas e o cientista Friedrich Bergius, no âmbito da empresa IG Farben, conseguiu sintetizar petróleo a partir de carvão.

Além de ser um processo caro, a transformação de uma matéria abundante noutra também abundante, apenas faz sentido num contexto de escassez temporária da segunda, o que sucedeu à Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial.

Pelo que, também não foi durante a Segunda Guerra Mundial que se fez alquimia. 

No início da década de 50, mediante a criação de um ambiente artificial, alguns cientistas conseguiram submeter carbono às mesmas condições existentes na natureza que originaram os diamantes. Na prática, o carbono foi submetido a alta temperatura e a alta pressão.

Visualmente é impossível distinguir diamantes naturais de diamantes sintéticos. No entanto, o preço é completamente diferente. Os diamantes naturais possuem um certificado que implica a sua valorização.  Tendo em conta a natureza destes objetos, é essencial que o seu possuidor detenha um bem natural e ninguém deu importância à criação de diamantes artificiais a ponto de a comparar à alquimia.

Cerca de 10 anos antes (em 1938) a fissão nuclear foi descoberta pelos cientistas Otto Hahn, Lise Meitner e Fritz Strassman. Na ocasião, eles perceberam que o bombardeamento do urânio 235 com neutrões produzia átomos mais leves, de bário e criptónio.

Alguns autores alegam que a fissão nuclear é um processo alquímico moderno. Pois, a partir de uma matéria-prima instável, o urânio 235, é provocado um verdadeiro processo de transmutação, caraterístico da alquimia.

No entanto, o resultado da fissão nuclear (assim como da ainda experimental fusão nuclear) não é a criação de um novo elemento, mas, sim, de uma grande quantidade de energia.

Apesar do dramatismo inerente à fissão nuclear, a mesma não consubstancia nenhum processo alquímico.

Robert Oppenheimer, o físico norte americano considerado o pai da bomba atómica, depois do primeiro teste bem-sucedido, citou um poema épico hindu constante dos textos religiosos Baghavan Gita que dizia: «Agora tornei-me a morte, o destruidor de mundos».

Este dramatismo alastrou-se para outro continente e na Federação Russa, à entrada da fábrica onde é montado o míssil intercontinental RS-28 Sarmat, com capacidade para transportar até 15 ogivas nucleares, encontra-se uma reprodução em tamanho real deste míssil com uma placa onde se encontra escrita a frase: «Depois de mim, o silêncio».

Sem o dramatismo inerente à utilização da fissão nuclear, em 1956, a sul da Cidade de San Francisco, em Silicon Valley, William Shockley, John Bardeen e Walter Houser Brattain criaram o primeiro semicondutor funcional de silício.

O silício é extraído da areia, embora nem toda a areia seja propícia à extração de silício, trata-se de uma matéria-prima abundante e de baixo custo.

Desde os objetos mais simples, como frigoríficos e televisores, até aos mais sofisticados, como os aviões supersónicos ou as naves que fazem as viagens até à Estação Espacial Internacional, os semicondutores (vulgarmente conhecidos por chips) são dispositivos indispensáveis ao seu funcionamento.

Assim, pela primeira vez, de um material simples e de baixo custo foi extraído um material nobre, sofisticado e de custo elevado, o que cumpre os desígnios da alquimia.

A Verdadeira Alquimia


A verdadeira alquimia ocorreu apenas em 1950 a sul da cidade de São Francisco, quando pela primeira vez foi utilizada areia para desenvolver artefactos tecnologicamente muito evoluídos e indispensáveis para a sociedade atual.


A alquimia, que é considerada uma teoria obsoleta ou uma pseudociência, mas também a precursora da química, foi exercida desde o ano 300 antes de cristo na Índia, na China, no Egito e na Grécia, teve como objetivos principais a transmutação de metais inferiores em metais nobres, designadamente em ouro; e a obtenção do «elixir da longa vida», um remédio capaz curar todas as doenças e até evitar a morte.

Esta prática foi muito desenvolvida na idade média, onde esteve ligada ao oculto e ao misticismo, mas também a experiências inovadoras relacionadas com a tentativa de transformação de metais, o que lhe valeu a designação de química da idade média.

Ao longo dos anos, muitos alquimistas tentaram a transformação de materiais inferiores em materiais superiores, com, por exemplo, Nicolau Flamel, que no século XIV teve uma «livraria» em Paris e ficou famoso por, depois 21 anos de tentativas, ter decifrado o conteúdo de um manuscrito onde era explicado o processo alquímico de transformação de chumbo em ouro. Flamel escreveu todo o processo em código, porque queria que apenas o seu sobrinho conhecesse o processo.

No século XVIII uma dupla de decifradores tentou produzir ouro seguido as instruções do alquimista Flamel, mas não tiveram sucesso. Ainda no século XVIII, outros alquimistas fizeram a mesma tentativa com igual fracasso.

Na Segunda Guerra Mundial, a Alemanha, devido a ter perdido colónias na sequência do Tratado de Versalhes (1919), teve dificuldades de abastecimento de petróleo, pelo que recorreu a alternativas e o cientista Friedrich Bergius, no âmbito da empresa IG Farben, conseguiu sintetizar petróleo a partir de carvão.

Além de ser um processo caro, a transformação de uma matéria abundante noutra também abundante, apenas faz sentido num contexto de escassez temporária da segunda, o que sucedeu à Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial.

Pelo que, também não foi durante a Segunda Guerra Mundial que se fez alquimia. 

No início da década de 50, mediante a criação de um ambiente artificial, alguns cientistas conseguiram submeter carbono às mesmas condições existentes na natureza que originaram os diamantes. Na prática, o carbono foi submetido a alta temperatura e a alta pressão.

Visualmente é impossível distinguir diamantes naturais de diamantes sintéticos. No entanto, o preço é completamente diferente. Os diamantes naturais possuem um certificado que implica a sua valorização.  Tendo em conta a natureza destes objetos, é essencial que o seu possuidor detenha um bem natural e ninguém deu importância à criação de diamantes artificiais a ponto de a comparar à alquimia.

Cerca de 10 anos antes (em 1938) a fissão nuclear foi descoberta pelos cientistas Otto Hahn, Lise Meitner e Fritz Strassman. Na ocasião, eles perceberam que o bombardeamento do urânio 235 com neutrões produzia átomos mais leves, de bário e criptónio.

Alguns autores alegam que a fissão nuclear é um processo alquímico moderno. Pois, a partir de uma matéria-prima instável, o urânio 235, é provocado um verdadeiro processo de transmutação, caraterístico da alquimia.

No entanto, o resultado da fissão nuclear (assim como da ainda experimental fusão nuclear) não é a criação de um novo elemento, mas, sim, de uma grande quantidade de energia.

Apesar do dramatismo inerente à fissão nuclear, a mesma não consubstancia nenhum processo alquímico.

Robert Oppenheimer, o físico norte americano considerado o pai da bomba atómica, depois do primeiro teste bem-sucedido, citou um poema épico hindu constante dos textos religiosos Baghavan Gita que dizia: «Agora tornei-me a morte, o destruidor de mundos».

Este dramatismo alastrou-se para outro continente e na Federação Russa, à entrada da fábrica onde é montado o míssil intercontinental RS-28 Sarmat, com capacidade para transportar até 15 ogivas nucleares, encontra-se uma reprodução em tamanho real deste míssil com uma placa onde se encontra escrita a frase: «Depois de mim, o silêncio».

Sem o dramatismo inerente à utilização da fissão nuclear, em 1956, a sul da Cidade de San Francisco, em Silicon Valley, William Shockley, John Bardeen e Walter Houser Brattain criaram o primeiro semicondutor funcional de silício.

O silício é extraído da areia, embora nem toda a areia seja propícia à extração de silício, trata-se de uma matéria-prima abundante e de baixo custo.

Desde os objetos mais simples, como frigoríficos e televisores, até aos mais sofisticados, como os aviões supersónicos ou as naves que fazem as viagens até à Estação Espacial Internacional, os semicondutores (vulgarmente conhecidos por chips) são dispositivos indispensáveis ao seu funcionamento.

Assim, pela primeira vez, de um material simples e de baixo custo foi extraído um material nobre, sofisticado e de custo elevado, o que cumpre os desígnios da alquimia.