A China iniciou, em 2024, a construção das maiores centrais elétricas a carvão no país nos últimos dez anos. De acordo com um relatório publicado esta quinta-feira, a construção suscita dúvidas sobre as suas metas ambientais,
Pequim iniciou a construção de unidades com capacidade conjunta de 94,5 gigawatts (GW), ou seja, 93% do total mundial, segundo o documento publicado pelo Centre for Research on Energy and Clean Air (CREA), da Finlândia, e pelo Global Energy Monitor (GEM), dos EUA.
A China é o maior emissor do mundo de gases com efeito de estufa, mas está também na vanguarda das energias renováveis. Em 2024 tinha 356 GW de nova capacidade eólica e solar, 4,5 vezes mais do que a União Europeia.
O carvão foi a fonte de energia essencial na China durante décadas. Mas o crescimento exponencial da capacidade eólica e solar nos últimos anos parecia ter levado o país a afastar-se deste combustível fóssil altamente poluente. A China anunciou que pretende atingir a neutralidade carbónica até 2060.
“A rápida expansão das energias renováveis na China tem o potencial de remodelar o seu sistema elétrico, mas esta oportunidade é prejudicada pela expansão simultânea em grande escala da energia a carvão”, afirmou Qi Qin, principal autor do relatório.
Este aumento ocorre apesar do compromisso assumido pelo Presidente chinês, Xi Jinping, em 2021, de “controlar rigorosamente” os projetos de centrais elétricas a carvão e o aumento do consumo daquele combustível fóssil antes de o “reduzir gradualmente”, entre 2026 e 2030.
A produção de carvão na China aumentou de forma constante nos últimos anos, passando de 3,9 mil milhões de toneladas, em 2020, para 4,8 mil milhões de toneladas, em 2024.
“Na ausência de mudanças políticas urgentes, a China arrisca-se a reforçar um modelo de energia adicional, em vez de realizar a transição, limitando assim todo o potencial do seu ‘boom’ de energia limpa”, sustenta o relatório.