Ameaça de Trump perturba retiro dos líderes europeus

Ameaça de Trump perturba retiro dos líderes europeus


Os líderes da União Europeia reuniram-se, ontem, no Palais d´Egmont, em Bruxelas, para um retiro informal. No centro da agenda dos decisores europeus esteve o debate que mais preocupa o velho continente: um projeto de defesa viável que permita à Europa sobreviver na eventualidade do fim do “guarda-chuva” americano – uma possibilidade que ganha tração…


Os líderes da União Europeia reuniram-se, ontem, no Palais d´Egmont, em Bruxelas, para um retiro informal. No centro da agenda dos decisores europeus esteve o debate que mais preocupa o velho continente: um projeto de defesa viável que permita à Europa sobreviver na eventualidade do fim do “guarda-chuva” americano – uma possibilidade que ganha tração com o novo mandato de Donald Trump. Mark Rutte, secretário-geral da NATO foi convidado para almoçar e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, juntou-se aos líderes da UE ao jantar.


“Com base nos princípios de que a Europa precisa de assumir uma responsabilidade pela sua própria defesa”, lê-se no website oficial do Conselho Europeu, “o debate” centrou-se no “desenvolvimento das capacidades de defesa”, no “financiamento, incluindo a mobilização de financiamento privado, a melhor forma de utilizar os instrumentos da UE e o orçamento da UE e outras opções comuns que poderiam ser consideradas” e ainda no “reforço e aprofundamento de parcerias”. O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, defendeu uma solução à imagem do Plano de Recuperação e Resiliência, apontando para a emissão de dívida comum, como noticiado pelo jornal digital ECO.


Contudo, as declarações do recém-empossado Presidente Trump, que anunciou a implementação de tarifas às importações provenientes da União Europeia e do Reino Unido agitaram o ‘retiro’ dos líderes europeus. “Eles aproveitaram-se de nós”, disse Trump, “não compram os nossos carros, não compram os nossos produtos agrícolas. Eles não compram quase nada e nós compramos tudo deles”.


“Se os nossos interesses comerciais forem atacados”, disse o Presidente francês Emmanuel Macron, em resposta ao líder americano, “a Europa, enquanto verdadeira potência, terá de se fazer respeitar e, por conseguinte, reagir”. Kaja Kallas, a chefe da diplomacia da UE, avisou que, na eventualidade de uma guerra comercial entre os EUA e a União Europeia, “quem se vai rir é a China”, afirmando que “nós precisamos dos Estados Unidos e os Estados Unidos também precisam de nós”. Uma interpretação que está alinhada com a da Comissão Europeia, cujo porta-voz disse, no domingo, que “a nossa relação comercial e de investimento com os EUA é a maior do mundo”, alertando, em linha também com Macron, que a UE “responderá com firmeza a qualquer parceiro comercial que imponha tarifas injustas ou arbitrárias aos produtos da UE”. Assim, esperam-se períodos de elevada tensão nas relações transatlânticas.