O príncipe Harry chegou a um acordo com o grupo de media de Rupert Murdoch na sequência de acusações de práticas ilegais por parte da empresa para aceder à sua privacidade. O anúncio foi feito esta quarta-feira pelo advogado do filho do Rei Carlos III.
De acordo com David Sherborne, o News Group Newspapers (NGN) pediu desculpas a Harry “pela escuta telefónica, vigilância e uso indevido de informações privadas por jornalistas e investigadores particulares” instruídos pelo grupo.
O advogado, numa declaração no Tribunal Superior de Londres, acrescentou que o príncipe irá receber uma “indemnização substancial”. O julgamento das acusações deveria ter começado terça-feira, mas o primeiro dia foi suspenso depois de um advogado do magnata australiano dizer que Harry estava “muito perto” de chegar a um acordo financeiro.
A medida, comum a centenas de outros casos, evita um julgamento de semanas contra o NGN, proprietário do extinto News of the World e do The Sun, que o príncipe acusa de invadir ilegalmente a sua privacidade entre 1996 e 2011.
Harry, 40 anos, mudou-se com a família para Califórnia há cinco anos e disse na altura que um dos motivos era fugir do assédio da comunicação social. A imprensa britânica foi abalada no final da primeira década do século pela revelação de vários escândalos de escutas ilegais.
O grupo de Rupert Murdoch pediu desculpas pelas práticas ilegais no News of the World, que fechou em 2011, mas negou qualquer ação semelhante no The Sun. Desde então, quase 1.300 denunciantes chegaram a acordos extrajudiciais com o grupo.
Segundo a imprensa britânica, o NGN pagou aproximadamente mil milhões de libras e conseguiu evitar todos os processos até agora. O irmão mais velho de Harry e herdeiro do trono, o príncipe William, está entre os que optaram por estes acordos nos últimos anos.
Além dos diversos processos que moveu nos últimos anos contra esses meios de comunicação por obterem informações de forma ilegal, o príncipe acusa-os ainda do tratarem mal a mulher Meghan Markle. Esta foi uma das razões da ida do casal para os EUA em 2020.
O filho mais novo do Rei Carlos III tinha, em 2023, conseguido a condenação do editor do Daily Mirror por reportagens baseadas numa escuta. Quando depôs em 2023 contra o Mirror Group Newspapers (MGN), editor do Daily Mirror, tornou-se o primeiro membro da família real britânica a prestar depoimento num julgamento em mais de cem anos.