O tema da criminalidade transformou-se em arma política e o discernimento não é o melhor quando se procura ‘vencer’ nos argumentos com números ‘à la carte’. Tenho visto muito boa gente a usar a matemática a seu bel-prazer, pouco preocupada com a verdade, mais interessada em confundir. Se estivéssemos a falar da publicidade a uma bebida alcoólica poderíamos dizer que uns veem o país com menos criminalidade e outros com mais.
Comecemos pela primeira questão, que me faz uma enorme confusão: como é possível partir-se do princípio de que mais pessoas só significa mais consumo, mais energia consumida, mais casas alugadas, mais consultas médicas – e aqui há quem acredite que não –, além de outros itens que crescem com o aumento da população. Por razões que a razão desconhece, muitas figuras da nossa praça, entre as quais gratas figuras da Judiciária, acreditam que, apesar de haver mais de um milhão de imigrantes em Portugal, a criminalidade não aumentou! Extraordinário, há mais de um milhão de pessoas e são todas santas! Os pecadores são todos os que já cá nasceram. A não ser que os imigrantes sejam os verdadeiros zeladores da segurança em Portugal, e que quantos mais vierem, mais a criminalidade desce… A estupidez não tem limites. Ah! Como é óbvio, a larguíssima maioria de imigrantes quer é trabalhar para mandar dinheiro para a família, mas nem todos pensam o mesmo. São cada vez mais os toxicodependentes imigrantes, são cada vez mais os assaltos praticados por eles, e, para que não fiquem dúvidas, são também cada vez mais as empresas que sobrevivem devido à mão de obra imigrante. Sem o trabalho deles muitas empresas teriam fechado portas.
Mas vamos imaginar que não estaríamos a falar de imigrantes, mas sim de cidadãos nascidos em Portugal e que por diversos motivos emigraram, mas que um milhão deles tinha voltado a solo nacional em 2024. Alguém no seu perfeito juízo acredita que a criminalidade não aumentava? Já que usam a matemática para uns raciocínios, podiam usá-la
para outros.
P. S. Calculo que a suposta violação de que foi alvo uma italiana, supostamente por três indostânicos, não entre nas estatísticas de algumas forças de segurança. Esperemos é que a jovem não tenha sido sujeita a um verdadeiro interrogatório kafkiano para dizer que não aconteceu o que diz que aconteceu.