Depois da semana mais violenta desde que começaram os protestos pós-eleitorais, onde morreram 179 pessoas, Moçambique entrou em 2025 com uma aparente tranquilidade, mas vai ser por pouco tempo.
O candidato derrotado nas eleições gerais, Venâncio Mondlane, incentivou a população a «cozinhar e socializar» nas suas comunidades antes da nova onda de protestos a que deu o nome “Ponta de Lança”, naquilo que considera ser «a batalha final» no processo de contestação dos resultados eleitorais que deram a vitória a Daniel Chapo. «As manifestações não vão parar. Eles querem-nos dividir usando o terror», afirmou, acusando a polícia de «matar inocentes e instalar a cultura do medo».
Ao mesmo tempo que incentiva os seus apoiantes a novas manifestações, Mondlane manifestou-se aberto ao diálogo, acusando o partido no poder, a Frelimo, e o Chefe de Estado de rejeitarem uma mediação internacional. Entretanto, o Presidente da República Filipe Nyusi convocou os partidos políticos para uma reunião com vista a obter um acordo que ponha fim à agitação social que lançou o caos nas principais cidades, com barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia.
Os partidos da oposição reiteraram que não aceitam os resultados das eleições gerais, mas afirmaram estar abertos e disponíveis para o diálogo com vista a reformas no país. Indiferente à instabilidade política e social, o Conselho Constitucional informou que Daniel Chapo toma posse como Presidente da República dia 15 de janeiro.