Quem escreve este artigo tem quase 90 anos de idade e começou a pratica “ginástica”, co Colégio Valsassina, aos 4 anos de idade, com aulas dirigidas pelo “famoso” Professor Artur dos Santos, da Escola Académica, e uma referência da ginástica Portuguesa há mais de um século. Era um pedagogo verdadeiro, um bom homem e um homem bom e tinha sido um ginasta de elite.
As crianças de tenra idade devem praticar uma actividade “sincrética”, ou seja, artificial, imprecisa, indeterminada, estilo “brinquedos cantados” ou “jogos” simples e com regras fáceis e perceptíveis (dos 4 aos 7 anos). Deve seguir-se a actividade “analítica”, caracterizada pela ginástica, que é uma actividade segmentar, conhecida por ginástica segmentar, cujo objectivo é movimentar o corpo humano, respeitando a anatomia do ser humano com os seus 206 ossos, 434 músculos, com as suas articulações e respectivas alavancas, nunca perdendo de vista que o corpo “pensa” em movimento e não em músculos (dos 8 aos 13 anos). Depois seguir-se-á a actividade sintética que é caracterizada pelos jogos com bolas várias, bastões, alteres, arcos, etc… exercícios de coordenação (dos 14 em diante).
Não se compreende que se chame, hoje, o que se chamava há 100 anos a esta actividade, já que ela começou por ser dada por médicos, que era, com sentido pejorativo, a ginástica do “do fole”, já que era só ginástica respiratória. Os médicos no Liceu Camões davam aulas de “ginástica” de casaco, gravata e sapatos de rua. Os alunos colocavam a “pasta” junto à perna direita e ficavam vestidos e de sapatos de rua. Depois vieram os militares, que davam aulas fardados e de botas altas, de montar a cavalo. Era uma aula em que diziam “façam como eu…”. Mais tarde apareceu uma geração de Oficiais do Exército que utilizavam saltos de plinto, bock, e traves e subida à corda com pés e mãos e 6 metros a pulso. Foi uma “revolução”!!!
Mas em 2024, ou seja, hoje, os alunos continuam a praticar uma actividade acéfala! Dizem-lhes: vamos correr e começam a correr, mas se o Ministro da Educação for assistir a uma aula e em conjunto com o Professor mandar parar a turma e perguntar ao chefe de turma o que é que está a fazer ele responderá: estou a correr porque me mandaram correr…!!! Isto acontece, hoje, nas escolas Portuguesas!!! Não pode acontecer! Eles têm de saber porque têm que correr no início das aulas. E não sabem! Porque têm que, primeiro, ter aulas teóricas, chamada “cinesiologia educativa”.
A lógica é a moral do pensamento, como dizia Piaget. Parece lógico que, um operário antes de “mexer” numa máquina que vai utilizar no seu trabalho, aprenda primeiro a trabalhar com ela. Pois bem, o que se pretende dizer e que é urgente começar a fazer. Temos 3 estruturas: perceptivo-cinética, morfológica e orgânica. Têm que estar em interacção para que o Homem mantenha a sua homeostasia, ou seja, o equilíbrio funcional orgânico entre as estruturas. O que é comportamento voluntário (córtex), o que é comportamento automático (tálamo), o que é comportamento reflexo (bulbo). Os metâmeros (crescem de baixo para cima e os mais nobres são ao mais novos e que duram mais tempo). Quantos litros de sangue temos? Há alunos da Faculdade que respondem “30 litros”! São só 5 litros!… Quantas pulsações /minuto podemos ter? Até 220/m. Quantas pulsações em repouso? 68/80 – porquê? Por que razão não há alterações no nosso organismo se corremos menos de 12 minutos? (Teste de Cooper).
Ora, é triste que os professores tenham estudado e não ensinem os alunos a mexer o seu corpo segundo as regras, princípios e leis imutáveis da física. Então ?? faz impressão o que não ensinam aos alunos, envelhecem mais cedo, e aos 50 anos de idade já não têm joelhos para uma queda de 3 metros. Até quando? Vamos mudar isso, Ministério da Educação? Não tem custos, e é uma revolução cultural no “Ministério da Educação”!.
Sociólogo