MotoGP. Um título solidário

MotoGP. Um título solidário


Jorge Martin ganhou um dos campeonatos mais disputados dos últimos anos e conquistou o seu primeiro título mundial com uma Ducati privada!


A temporada que terminou em Barcelona fica na história por vários motivos: comemoraram-se os 75 anos de Grandes Prémios, foi a mais longa com 40 corridas e teve um novo campeão do mundo que é Jorge Martin. A corrida teve também um caráter solidário para com a Comunidade de Valência. A Federação Internacional de Motociclismo, presidida pelo português Jorge Viegas, e a Dorna, promotor do campeonato, vão doar todas as receitas da prova às duas aldeias mais atingidas pela tempestade Dana, que causou mais de 220 mortos.
Desde os testes de pré-época que a Ducati colocou a fasquia bastante alta com uma moto diabólica, que cilindrou a concorrência (Aprilia, KTM, Honda e Yamaha). Não admira que tenham sido os pilotos da marca italiana a dominar o campeonato e a decidir o título mundial na última corrida – em 75 edições, foi a 21.ª vez que o campeonato se decidiu na derradeira prova. Os dois melhores pilotos do mundo travaram um intenso duelo, com a particularidade de o piloto da equipa satélite ter sido mais consistente do que o piloto da Ducati oficial. No balanço da época, Jorge Martin e Francesco Bagnaia venceram sete corridas Sprint, o piloto italiano foi claramente superior nos Grandes Prémios: venceu 11 contra 3 do campeão do mundo… O problema de Bagnaia é que ou ganhava ou acabava no chão.
À partida para a última corrida, o espanhol Martin tinha 19 pontos de vantagem sobre o bicampeão Bagnaia, quando estavam 25 pontos em disputa. A história do Mundial de motociclismo não favorecia o italiano. Foram poucos os pilotos que conseguiram virar o jogo na última corrida do ano. Apenas Wayne Rainey, Nicky Hayden e Jorge Lorenzo recuperaram os pontos necessários para conquistarem o título de 500cc/MotoGP, só que, nesses casos, o atraso nunca foi superior a oito pontos.
O bicampeão do mundo salvou o primeiro match point ao ganhar a corrida Sprint, no sábado. Jorge Martin foi extremamente racional e deixou-se ir até à quarta posição. Ficava tudo adiado para o Grande Prémio, no dia seguinte. Bagnaia fez o que tinha a fazer. Arrancou melhor e liderou da primeira à última volta, mas a missão impossível para renovar o título não resultou. Martin percebeu que o rival estava extremamente rápido e fez uma corrida mais com a cabeça do que com o coração – este ano teve um mental coach a acompanhá-lo – e terminou na terceira posição, o suficiente para sagrar-se campeão do mundo com 10 pontos de vantagem. O piloto espanhol, que já tinha ganho o Mundial de Moto3 em 2018, foi o primeiro campeão do mundo independente da era MotoGP. “Parece incrível, não sei o que dizer, estou completamente em choque. Este título é para a minha família, para as pessoas que me apoiaram e para Valência. Podia parar amanhã que seria a pessoa mais feliz do mundo”, foram as suas primeiras palavras. Em relação à corrida, disse: “Nas últimas voltas comecei a chorar e foi difícil pilotar. Foi uma prova muito emocionante”. Jorge Martin recordou ainda o seu percurso: “Não foi um caminho fácil, todos sabem de onde venho. Os meus pais passaram muito para que eu pudesse cumprir o sonho de ser campeão do mundo. Seguramente, se não tivesse sido complicado, talvez tivesse desistido antes”, afirmou o piloto, que é conhecido por Martinator, numa alusão ao filme Exterminador Implacável de James Cameron. Bagnaia deu os parabéns ao seu ex-companheiro em Moto3, reconhecendo: “Acho que merece o título. Este dia é para ele. Quero agradecer à minha equipa, eles fizeram um trabalho incrível, tudo o resto é outra história”.
Miguel Oliveira regressou à competição para se despedir da equipa Trackhouse. Foi uma despedida modesta, tal como foi toda a sua época devido a erros próprios, à falta de competitividade da Aprilia e à inexperiência da equipa norte-americana. Terminou a corrida Sprint em 18.º, foi 12.º no Grande Prémio e terminou o campeonato em 15.º lugar.
Hoje, começa um novo capítulo com a Pramac Racing, equipa campeã do mundo independente. Vai realizar o primeiro teste com a Yamaha YZR-M1, em Barcelona, uma moto nova e com caraterísticas diferentes.

Preparar 2025

A próxima temporada terá 44 corridas (22 Grandes Prémios e 22 corridas Sprint). O Grande Prémio de Portugal será a penúltima prova (7 a 9 novembro) e pode acontecer que os títulos mundiais se decidam no nosso país. Entre as novidades, estão os regressos da Chéquia, em Brno, da Hungria, no novo circuito de Balaton Park, e da Argentina, em Termos Río Hondo. Há uma grande expetativa, como vários pilotos a mudar de equipa e três rookies. O campeão do mundo Jorge Martin muda-se para a equipa oficial da Aprilia, o hexacampeão Marc Márquez vai ser colega de Francesco Bagnaia na Ducati Corse. Pedro Acosta vai passar para a equipa oficial da KTM, Jack Miller foi dispensado da KTM e vai ser colega de Miguel Oliveira na Pramac Yamaha, Franco Morbidell vai correr na equipa de Valentino Rossi VR46 Ducati e a Tech3 GasGas vai ter dois novos pilotos: Viñales e Bastianini.