Governo não quis que Paulo Rangel pedisse desculpa à Força Aérea

Governo não quis que Paulo Rangel pedisse desculpa à Força Aérea


No interior do PSD houve quem tivesse aconselhado o MNE a pedir desculpas à Força Aérea para evitar mais danos políticos, mas o Governo não deixou.


Apesar dos esforços para deixar cair o caso, o ministro dos Negócios Estrangeiros vai mesmo ter que prestar esclarecimentos públicos sobre o episódio em que se viu envolvido na base de Figo Maduro, onde se terá envolvido numa troca de palavras dura com o Chefe de Estado Maior da Força Aérea e com outro militar presente.


O caso surgiu na imprensa e, apesar de no interior do PSD terem surgido vozes a recomendar um pedido de desculpas formal aos militares em questão, a fim de evitar que o caso tivesse maiores proporções criando mais problemas ao Governo e ao ministro, ao que o Nascer do SOL apurou, houve ordens do Governo para não o fazer. Do interior do executivo liderado por Luís Montenegro as ordens foram claras para «não dar relevo ao episódio», até porque o Governo não queria colocar-se numa posição de inferioridade em relação às Forças Armadas.


As orientações não foram bem acolhidas pelos que defendiam outra atuação e, agora que Partido Socialista e Chega exigiram a presença do ministro Paulo Rangel nas comissões de Negócios Estrangeiros e de Defesa para prestar esclarecimentos sobre o sucedido, os críticos dizem que «se perdeu uma oportunidade de evitar um problema político para o Governo».

De acordo com fontes ouvidas pelo nosso jornal, os acontecimentos ocorridos no passado dia 4 de outubro no aeroporto de Figo Maduro, foram presenciados por muitas pessoas que estavam no local e, esse facto, facilitou que o caso transbordasse para a imprensa. Uma vez nos jornais, com contornos mais ou menos verdadeiros, a verdade é que se tornou muito difícil desmentir que houve um problema. Esta é a razão pela qual a opção por um pedido de desculpas formal foi aconselhada, desde o início, por sociais-democratas que participaram em discussões internas para avaliar qual a forma de reagir às notícias.


Ao que nos foi dito, também o Presidente ficou preocupado com os acontecimentos protagonizados por Paulo Rangel, mas decidiu deixar o caso em banho-maria depois de ouvir os militares envolvidos.

Do ponto de vista institucional, o caso não terá tido efeitos, mas politicamente, o episódio de Figo Maduro promete ainda vir a dar que falar e a causar engulhos ao Governo e a Paulo Rangel.