Construir nas grandes cidades, aumentar o desequilíbrio


Esta febre da construção a que assistimos, mesmo que dê resposta a uma procura real, poderá ter um efeito perverso.


Pelo que leio e ouço, é mais ou menos consensual que há falta de casas em Portugal. As que existem não chegam para toda a gente. E de facto deve ser assim, porque para onde quer que olhe à minha volta vejo guindastes, máquinas a trabalhar e outros sinais de obras e de novas construções.

Não devo ser o único a interrogar-se como há tanta gente com capacidade financeira para comprar estas casas, sobretudo quando o salário médio em Portugal é de 1640 euros brutos e estamos a falar de preços que começam nas centenas de milhares e podem facilmente chegar ao milhão de euros. Mais: diria que, se existe procura para a habitação, será muito por culpa da pressão colocada pelos imigrantes pouco qualificados que nestes últimos anos chegaram em grande quantidade ao nosso país – e esses, que se saiba, não serão clientes para as tais casas. Mistérios…

Mas esta febre da construção a que assistimos, mesmo que dê resposta a uma procura real, poderá ter um efeito perverso. E refiro-me concretamente à concentração cada vez maior da população nos grandes centros urbanos e suburbanos.

Por cada casa nova que se constrói, penso em quantas casas há vazias por esse país fora. Longe das grandes cidades, vê-se aldeias inteiras votadas ao abandono, descampados sem uso, prédios inteiros e belíssimas casas em ruínas.

Que diabo! Portugal não é um país tão grande quanto isso. Seria assim tão difícil desenvolver políticas para ocupar melhor o território e tentar fixar pessoas em zonas onde elas fazem falta – e não onde vão viver encavalitadas e sobrecarregar as infraestruturas?

Isto depois tem consequências: vemo-las em Lisboa e no Porto, onde muitos se queixam do trânsito, da confusão ou do lixo. Mas vê-se também na chamada província. Por exemplo, na época dos incêndios, que são o espelho do desleixo e da negligência a que uma grande parte do território nacional se encontra votada. Não seria hora de começar a pensar no território como um todo?

Construir nas grandes cidades, aumentar o desequilíbrio


Esta febre da construção a que assistimos, mesmo que dê resposta a uma procura real, poderá ter um efeito perverso.


Pelo que leio e ouço, é mais ou menos consensual que há falta de casas em Portugal. As que existem não chegam para toda a gente. E de facto deve ser assim, porque para onde quer que olhe à minha volta vejo guindastes, máquinas a trabalhar e outros sinais de obras e de novas construções.

Não devo ser o único a interrogar-se como há tanta gente com capacidade financeira para comprar estas casas, sobretudo quando o salário médio em Portugal é de 1640 euros brutos e estamos a falar de preços que começam nas centenas de milhares e podem facilmente chegar ao milhão de euros. Mais: diria que, se existe procura para a habitação, será muito por culpa da pressão colocada pelos imigrantes pouco qualificados que nestes últimos anos chegaram em grande quantidade ao nosso país – e esses, que se saiba, não serão clientes para as tais casas. Mistérios…

Mas esta febre da construção a que assistimos, mesmo que dê resposta a uma procura real, poderá ter um efeito perverso. E refiro-me concretamente à concentração cada vez maior da população nos grandes centros urbanos e suburbanos.

Por cada casa nova que se constrói, penso em quantas casas há vazias por esse país fora. Longe das grandes cidades, vê-se aldeias inteiras votadas ao abandono, descampados sem uso, prédios inteiros e belíssimas casas em ruínas.

Que diabo! Portugal não é um país tão grande quanto isso. Seria assim tão difícil desenvolver políticas para ocupar melhor o território e tentar fixar pessoas em zonas onde elas fazem falta – e não onde vão viver encavalitadas e sobrecarregar as infraestruturas?

Isto depois tem consequências: vemo-las em Lisboa e no Porto, onde muitos se queixam do trânsito, da confusão ou do lixo. Mas vê-se também na chamada província. Por exemplo, na época dos incêndios, que são o espelho do desleixo e da negligência a que uma grande parte do território nacional se encontra votada. Não seria hora de começar a pensar no território como um todo?