Socorro, o Governo mexe-se!


190 dias, mais coisa menos coisa, desde que tomou posse o XXIV Governo da República, mudando as cores políticas que nos governavam, oito longos anos de Partido Socialista.


Bem sei, e quem me lê, sabe também, que as duas narrativas vigentes de ataque a este Governo são, à esquerda “o apocalipse chegou”, à direita “CDS, PSD e PS são todos iguais, nós é que somos os impolutos”. No entanto, percebendo nós que isto são apenas ângulos de crítica, um tanto ou quanto forçados, e que não espelham de todo a realidade, há um detalhe muito interessante neste tema das diferenças e das semelhanças. Há uma grande, grande mudança, na forma das críticas que são feitas a este executivo comparativamente com aquelas que eram feitas ao executivo anterior. E é uma excelente diferença.

O que se apontava ao anterior Governo, e com razão, era que não fazia. Ou seja, os problemas arrastavam-se e arrastaram-se anos a fio, até ao último dia de António Costa ao leme, sem respostas ou soluções. Após a saída do PS do poder, em poucos dias as críticas deram uma volta de 180 graus. O problema agora é que o Governo faz alguma coisa. O Governo mexe-se. E isso está naturalmente a causar alguma estranheza para quem estava habituado a criticar um elenco governativo por não se mexer em nenhuma direção que não a da sobrevivência política.

Aliás, surgiu ainda há bem pouco tempo um exemplo prático disso mesmo (que só por isso dava todo um outro artigo): A RTP. O Governo tomou uma opção acerca da RTP, que reflete a sua visão para a estação de media. Esta provocou tanta estranheza que toda a Oposição se levantou imediatamente para criticar, numa precipitação que levou a que assistíssemos a algumas incoerências. À direita, de partidos que nem acreditam que haja razão para a RTP existir, mostraram-se preocupados com a capacidade de esta ser competitiva. Mas é da esquerda que vem a incoerência mais gritante.

Sendo que se arrogam defensores inamovíveis de uma RTP completamente pública, não se vê motivo para não apoiarem a ideia do Governo de acabar com a publicidade na rádio e televisão do Estado. Com o fim da publicidade, a RTP passará a fornecer serviço público mais livre de influências comerciais, e menos orientado pelas lógicas do malvado mercado. Eles ficam descontentes? Estranho.

Este género de tomadas de posição inflamadamente precipitadas, só se justificam com a desorientação de quem já não estava habituado a conviver com um Governo que tem realmente uma visão do que pretende para Portugal e a executa. Após oito anos de estagnação, gestão de crises e governação ao sabor dos reservados focus groups, se o que está a incomodar é o facto de o Governo se mexer, ainda bem que assim é. É para isso que as pessoas elegem os seus governantes. Se fosse para deixar tudo como está, mais valia eleger uma couve ou continuar com o Partido Socialista. 

Presidente da Juventude Popular de Setúbal e dirigente nacional da Juventude Popular

Socorro, o Governo mexe-se!


190 dias, mais coisa menos coisa, desde que tomou posse o XXIV Governo da República, mudando as cores políticas que nos governavam, oito longos anos de Partido Socialista.


Bem sei, e quem me lê, sabe também, que as duas narrativas vigentes de ataque a este Governo são, à esquerda “o apocalipse chegou”, à direita “CDS, PSD e PS são todos iguais, nós é que somos os impolutos”. No entanto, percebendo nós que isto são apenas ângulos de crítica, um tanto ou quanto forçados, e que não espelham de todo a realidade, há um detalhe muito interessante neste tema das diferenças e das semelhanças. Há uma grande, grande mudança, na forma das críticas que são feitas a este executivo comparativamente com aquelas que eram feitas ao executivo anterior. E é uma excelente diferença.

O que se apontava ao anterior Governo, e com razão, era que não fazia. Ou seja, os problemas arrastavam-se e arrastaram-se anos a fio, até ao último dia de António Costa ao leme, sem respostas ou soluções. Após a saída do PS do poder, em poucos dias as críticas deram uma volta de 180 graus. O problema agora é que o Governo faz alguma coisa. O Governo mexe-se. E isso está naturalmente a causar alguma estranheza para quem estava habituado a criticar um elenco governativo por não se mexer em nenhuma direção que não a da sobrevivência política.

Aliás, surgiu ainda há bem pouco tempo um exemplo prático disso mesmo (que só por isso dava todo um outro artigo): A RTP. O Governo tomou uma opção acerca da RTP, que reflete a sua visão para a estação de media. Esta provocou tanta estranheza que toda a Oposição se levantou imediatamente para criticar, numa precipitação que levou a que assistíssemos a algumas incoerências. À direita, de partidos que nem acreditam que haja razão para a RTP existir, mostraram-se preocupados com a capacidade de esta ser competitiva. Mas é da esquerda que vem a incoerência mais gritante.

Sendo que se arrogam defensores inamovíveis de uma RTP completamente pública, não se vê motivo para não apoiarem a ideia do Governo de acabar com a publicidade na rádio e televisão do Estado. Com o fim da publicidade, a RTP passará a fornecer serviço público mais livre de influências comerciais, e menos orientado pelas lógicas do malvado mercado. Eles ficam descontentes? Estranho.

Este género de tomadas de posição inflamadamente precipitadas, só se justificam com a desorientação de quem já não estava habituado a conviver com um Governo que tem realmente uma visão do que pretende para Portugal e a executa. Após oito anos de estagnação, gestão de crises e governação ao sabor dos reservados focus groups, se o que está a incomodar é o facto de o Governo se mexer, ainda bem que assim é. É para isso que as pessoas elegem os seus governantes. Se fosse para deixar tudo como está, mais valia eleger uma couve ou continuar com o Partido Socialista. 

Presidente da Juventude Popular de Setúbal e dirigente nacional da Juventude Popular