Automóvel. Visão de futuro

Automóvel. Visão de futuro


A mobilidade elétrica está na agenda dos construtores, mas há outras tendências que vão tornar a condução mais sustentável, segura e agradável nas próximas décadas.


O automóvel está a mudar muito rapidamente e o futuro mostra-se apaixonante. A nova geração de veículos elétricos, os carros autónomos e outros que voam vão transformar a paisagem automóvel, já a conetividade apoiada na tecnologia 5G vai alterar a forma como nos relacionamos com o automóvel. Estas inovações vão tornar os carros mais fiáveis, rápidos, mas também mais seguros, ecológicos e agradáveis de utilizar. A vaga tecnológica que varre a indústria automóvel vai acentuar-se até 2030, mas há, igualmente, desafios pela tecnológicos, industriais e legislativos pela frente.

Até prova em contrário, os veículos elétricos e híbridos vão tomar o lugar dos modelos a gasolina e diesel e, em 2030, 70% dos carros novos deverão ser ecológicos. Contudo, importa dizer que nem todas as soluções são 100% limpas e o impacto zero no ambiente não existe. Não nos podemos esquecer que a produção de um carro elétrico provoca o dobro de emissões de CO2 que os carros a gasolina, devido à bateria, e que, para alimentar essa bateria, é necessário produzir eletricidade a partir de produtos de origem fóssil ou nuclear.

Onda elétrica A eletrificação cresceu nos últimos anos e continuará a ser uma das principais tendências da indústria automóvel. O grupo Stellantis (Abarth, Alfa Romeo, Chrysler, Citroën, Dodge, DS, Fiat, Jeep, Opel e Peugeot), a Renault, a Alpine, a Ford, a Mercedes, a Aston Martin e a Bentley, entre outras, estão a investir somas astronómicas na renovação das gamas de modo a serem 100% elétricas em 2030. Até lá, é expetável que o preço dos VE baixe e se aproxime dos valores dos automóveis com motor a combustão. Dentro de seis anos espera-se que haja dois milhões de postos de carregamento para carros elétricos em todo o mundo, de modo a satisfazer os automobilistas – recorde-se que existem atualmente 360 mil pontos de carregamento na União Europeia.

As próximas gerações de carros elétricos serão diferentes, vai haver uma aposta no design e a aerodinâmica para otimizar o rendimento e baixar o consumo de energia. A arquitetura dos carros, com a bateria e o motor colocados em zonas específicas da plataforma, joga a favor dos designers, dando-lhes maior liberdade para implementar as suas ideias, ao mesmo tempo que aumenta o espaço interior para os ocupantes. O problema da solução elétrica é a reduzida autonomia das baterias. As marcas prometem baterias mais potentes e com menor tempo de carga, e a Toyota anunciou que, em 2027, vai introduzir no mercado uma bateria que permitirá percorrer 1.200 km com um único carregamento. Num segmento médio, há modelos a anunciar mais de 500 km, caso do Tesla 3 e MG4, e, no topo de gama, o Audi A6 e-Tron pode chegar aos 700 km com uma carga.

Mas o futuro pode passar também pela utilização do hidrogénio, que alguns especialistas consideram ser o combustível do futuro. Enquanto o veículo elétrico recebe energia de uma fonte externa, os carregadores, um carro a hidrogénio produz a sua própria energia elétrica através de uma célula de combustível. Esses veículos têm um tanque onde o hidrogénio em contacto com o oxigénio provoca uma reação química conhecida como eletrólise que dá origem a dois produtos: eletricidade e vapor de água. Dito de uma forma simples, um carro a hidrogénio é um carro elétrico que produz a sua própria energia para se movimentar libertando apenas vapor de água. Na maioria dos casos, a autonomia é de aproximadamente 500 km, nos modelos mais recentes pode chegar aos 600 km. No caso do Hyundai Nexo, a marca anuncia 800 km. Outra vantagem é que precisa de uma bateria mais pequena e, em média, um abastecimento completo de hidrogénio demora apenas cinco minutos. As principais desvantagens são o custo proibitivo de produção da célula de combustível de hidrogénio e o seu armazenamento.

Os automóveis capazes de se deslocarem sem intervenção humana estão na agenda de construtores como a Renault, Peugeot, Tesla, BMW, Audi e Hyundai, entre outros, e de empresas de novas tecnologias e de transportes, caso da Google, Apple, Uber e Amazon. O Governo alemão financiou mais de uma dezena de projetos-piloto de condução autónoma e mais de 80 empresas norte-americanas estão a realizar testes com 1.400 automóveis autónomos. Em Pequim, a Pony.ai e a Baidu também lançaram táxis sem condutor. O exemplo mais radical é o Rolls Royce Vision 100, um concept que foi desenhado sem assentos dianteiros, nem volante! A ideia de nos deslocarmos num automóvel sem intervenção humana é excitante e desafiadora, mas é um erro pensar na sua generalização nos próximos 10 anos. Há muitas questões por resolver, pelo que este tipo de mobilidade pode ser uma solução global a partir de 2050. Existem cinco níveis que determinam até que ponto o veículo pode assumir as tarefas do condutor. O nível 1 exige a presença e atenção do condutor. No nível 2 pode largar momentaneamente o volante, mas deve manter-se atento, já que a aceleração, desaceleração e direção é controlada pela máquina. O nível 3 é o da autonomia condicionada, o carro está programado para agir consoante o ambiente rodoviário graças ao sistema de Inteligência Artificial. No nível 4 estamos perante uma condução altamente automatizada, onde o condutor não precisa de controlar nenhuma função. E, por fim, o nível 5 assume todas as funções de condução de um carro autónomo. Os automóveis autónomos têm alguns problemas para resolver. Durante os testes registaram-se alguns acidentes porque a Inteligência Artificial não acompanhou as situações imprevistas. Por outro lado, a estrada, a sinalização e a regulamentação também devem evoluir.

Os carros voadores fazem parte de filmes de ficção científica e de videojogos, mas também já foram vistos no mundo real. A Toyota registou a patente de um modelo nos Estados Unidos, a Porsche uniu-se à Boeing para criar um veículo desportivo e a chinesa Xpeng Aeroht tem planos de colocar o seu veículo em produção ainda este ano. Atualmente, não há nenhum eVTOL (sigla em inglês para veículo elétrico de descolagem e aterragem vertical) a voar, mas vários grupos aeronáuticos, como o Zee.Aero, PAL-V, DeLorean Aerospace, Volocopter, Terraugia, Hoversurf e Airbus já apresentaram os seus protótipos em exposições internacionais e têm vindo a realizar testes. Falta a necessária autorização para poder ocupar espaço aéreo e substituir, em parte, o transporte terrestre. O primeiro passo foi dado pela Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos. Não se pense, porém, que será possível a qualquer pessoa ter um veículo que possa voar até à sua garagem. Quanto existir autorização para voar, esses veículos serão usados por empresas de transporte individual.

A nova tecnologia 5G vai acelerar a transmissão de dados, logo as comunicações e os sistemas de navegação e de entretenimento dos automóveis vão ser otimizados e o utilizador vai ter uma melhor experiência na interação entre a máquina e o mundo exterior.