Alojamento para estudantes. Oferta curta a preços altos

Alojamento para estudantes. Oferta curta a preços altos


A oferta de residências públicas para estudantes fica aquém das necessidades e não chega para todos. A alternativa mais viável é recorrer a quartos privados, mas aí os preços são bem mais altos. Lisboa continua a liderar o ranking dos valores mais caros e arrendar quarto na capital custa, em média, 550 euros por mês,…


Num momento em que os preços das casas continuam em máximos encontrar um quarto para arrendar a preços acessíveis não é tarefa fácil – sobretudo nos grandes centros urbanos. Uma dor de cabeça para o estudantes deslocados principalmente devido aos valores cobrados. Em março, o Governo previa que, até ao final do ano, ficassem concluídas as obras de construção ou requalificação de 40 residências universitárias, com mais de 4000 camas. No entanto, esta meta tem sido posta em causa pelas federações de estudantes ao referir que só 32% das necessidades estão garantidas para o próximo ano letivo. O número de camas disponíveis ronda os 35 mil, para 110 mil estudantes deslocados.

Críticas que tiveram eco junto da ministra da Juventude e Modernização, afirmando que o Governo está “numa luta contra o tempo” para dar resposta aos estudantes em matéria de alojamento. “Quando veio o PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] aproveitou-se e bem, é pena é que tenha vindo tarde esse financiamento para construir camas, mas lamentavelmente não se pensou que, das 18 mil camas que estão previstas no plano nacional de alojamento estudantil, há 11 mil novas camas e há 6.300 camas que são reabilitações, significa isso que, quando as camas estiverem a ser intervencionadas, vão deixar de estar disponíveis”, alertou Margarida Balseiro Lopes.

É certo que a opção mais económica são as residências. Estes alojamentos, geridos pelas próprias universidades, apresentam preços vantajosos, sobretudo para alunos bolseiros, no entanto, conseguir uma vaga é quase como encontrar uma agulha no palheiro. Isto, porque o processo é feito por candidatura. Para os novos estudantes, o processo só abre depois do período de inscrições e matrículas. Uma vez que as vagas são limitadas – e a maioria das camas já está ocupada com residentes que transitam do ano anterior – a concorrência por um lugar numa residência está longe de ser pacífica. Além disso, a prioridade vai para alunos bolseiros.

Os quartos disponíveis nas residências públicas são, na generalidade, partilhados por dois ou três estudantes. A opção de um quarto individual nem sempre existe – sobretudo para alunos de licenciatura ou mestrado integrado. O valor da renda inclui despesas de água, luz, internet e uso de espaços comuns, como a cozinha.

No final do mês, o Governo disponibilizou quase 7,5 milhões de euros para que as instituições de ensino superior possam ter mais camas a preços acessíveis para os estudantes deslocados, segundo um diploma publicado em Diário da República. A ideia é ter uma linha de financiamento que permita às universidades e institutos politécnicos celebrarem protocolos com entidades públicas, privadas e do setor social que garantam mais camas para os estudantes deslocados.

“A avultada despesa com o alojamento representa um dos principais entraves ao acesso ao ensino superior por parte dos estudantes que se encontram deslocados do seu local de residência”, diz o diploma, acrescentando que a “falta de oferta de alojamento estudantil continua a sentir-se cada vez mais”.

Até aqui, este subsídio só era pago a alunos bolseiros sem vaga numa residência pública, mas agora passará a abranger também os não bolseiros de famílias mais carenciadas, que terão direito a 50% daquele complemento, que varia consoante a região em que os alunos estudam.

Solução mais viável Arrendar um quarto numa casa privada é a alternativa mais comum para um estudante universitário fora da sua área de residência. Aliás, a oferta de quartos para arrendar em casa partilhada subiu 57% no segundo trimestre do ano, em comparação com o ano anterior, segundo um estudo publicado pelo idealista,.

Analisando a oferta de quartos por cidades, verifica-se que o aumento do stock foi bastante acentuado no último ano, sendo na sua maioria superior aos 25%. Foi em Castelo Branco (112%) onde mais se verificou essa subida, seguida por Lisboa e Porto (76% em ambas as cidades), Viseu (51%), Coimbra (40%), Santarém (29%), Vila Real (24%), Braga (5%), Viana do Castelo (3%) e Leiria (1%).

Das cidades analisadas, a oferta diminuiu no Funchal (-73%), seguido por Évora (-36%), Setúbal (-15%), Faro (-14%), Aveiro (-11%) e Guarda (-5%).

Mas apesar da subida de stock, o mesmo estudo revela que os preços aumentaram em todas as cidades analisadas. Foi no Funchal onde os preços mais subiram, sendo os quartos 60% mais caros do que há um ano. Seguem-se Faro (33%), Aveiro (29%), Viseu (25%), Setúbal (22%), Évora (20%), Guarda (18%), Porto (17%), Braga (17%), Leiria (12%) e Castelo Branco (10%). Com subidas de preço inferiores a 10%, encontram-se Santarém (9%), Viana do Castelo (8%), Coimbra (7%), Lisboa (6%) e Vila Real (2%).

Lisboa continua a ser a cidade com os quartos mais caros em Portugal, onde os preços rondam, em média, os 550 euros mensais, seguida pelo Porto (445 euros por mês), Funchal (400 euros por mês), Faro (400 euros por mês), Setúbal (365 euros por mês), Aveiro (360 euros por mês), Braga (350 euros por mês), Évora (335 euros por mês), Viana do Castelo (325 euros por mês), Coimbra (300 euros por mês) e Santarém (300 euros por mês).

Por outro lado, das cidades analisadas, as mais económicas para arrendar quarto são a Guarda (177 euros por mês), Castelo Branco (222 euros por mês), Vila Real (235 euros/mês), Viseu (250 euros por mês) e Leiria (280 euros por mês).

Outra hipótese passa por apostar no alojamento universitário solidário e a custo zero. Para isso, terá de entrar em contacto com os serviços de ação social da universidade, já que permite conhecer iniciativas locais de alojamento.

Nestes alojamentos, os estudantes podem morar, gratuitamente, em casa de idosos. Em troca, apenas têm de fazer companhia aos proprietários e prestar algum apoio nas tarefas diárias. Além de ser uma opção muito económica, esta forma de alojamento tem também benefícios sociais e pessoais.