A Ilusão da Perfeição: Política, Redes Sociais e até o Orçamento do Estado.


No caso do Orçamento do Estado, vemos partidos que suportam o Governo a fazer de conta que fazem grandes sacrifícios e concessões para garantir o bem-estar da nação, enquanto a oposição ameaça com rejeições dramáticas e discursos inflamados.


Vivemos numa época onde a perceção é a nova realidade. Uma negociação do Orçamento do Estado, tal como a nossa presença nas redes sociais, é um verdadeiro espetáculo teatral. Os partidos que suportam o governo jogam a peça das concessões e sacrifícios, tentando convencer a oposição e a população de que cada euro é bem aplicado. Por outro lado, a oposição ameaça que manda tudo a baixo, faz finca-pé, mas no fundo todos sabem que, no final, o orçamento terá de ser aprovado. É quase como ver um episódio da nossa série favorita onde, mesmo sabendo o desfecho, não conseguimos desviar o olhar e deixar de ver cada minuto.

Mas, será que este teatro político é muito diferente do que vemos diariamente no nosso feed de um Instagram ou Facebook? Aquelas fotografias perfeitas de jantares gourmet, viagens de sonho e sorrisos brilhantes, sempre acompanhadas de hashtags inspiradoras. Sabemos que, muitas vezes, a realidade está longe disso. Quem nunca viu aquela amiga que partilha uma selfie sorridente no meio do trânsito caótico, mas na verdade está a gritar de frustração por dentro? 

A política não é diferente. Cada partido tenta passar a melhor imagem de si mesmo, com discursos inspiradores e promessas grandiosas. No entanto, quando olhamos mais de perto, percebemos que muito do que é apresentado não passa de uma fachada. Tal como as redes sociais, a política é muitas vezes uma ilusão cuidadosamente construída para impressionar e conquistar seguidores – ou neste caso, eleitores. 

No caso do Orçamento do Estado, vemos partidos que suportam o Governo a fazer de conta que fazem grandes sacrifícios e concessões para garantir o bem-estar da nação, enquanto a oposição ameaça com rejeições dramáticas e discursos inflamados. Mas, no final, sabemos que todos têm de chegar a um consenso, e que a grande maioria das “exigências” não passa de espetáculo para manter a audiência entretida. 

A analogia entre política e redes sociais não pára por aqui. Pensemos nas promessas eleitorais como os filtros do Instagram – embelezam a realidade, mas nem sempre são verdadeiras. E tal como nos sentimos desiludidos quando vemos uma foto sem filtro, também ficamos desapontados quando as promessas políticas não se concretizam. 

Na nossa vida pessoal, quantas vezes não nos sentimos pressionados a mostrar uma vida perfeita nas redes sociais? A verdade é que a felicidade não se mede em likes ou seguidores. Algumas das pessoas mais felizes e realizadas que conheço mal tocam nas redes sociais. Estão demasiado ocupadas a viver a vida de verdade, longe dos filtros e das frases copiadas que raspam a perfeição.

Talvez devêssemos aplicar esta filosofia à política. Em vez de criar perceções falsas e jogar este teatro interminável, os nossos líderes poderiam ser mais autênticos, mais transparentes. Poderiam começar a negociar melhor e a trabalhar mais sem palco para o bem comum de forma genuína, em vez de se focarem em manter a aparência de perfeição e sacrifício. 

Seria refrescante e mais inspirador ver um político admitir que não tem todas as respostas, mas que está disposto a ouvir e aprender. Seria maravilhoso se, tal como algumas pessoas estão a fazer com as redes sociais, os políticos decidissem desmistificar o seu trabalho, mostrando as dificuldades e desafios reais que enfrentam. Porque não ser real?

A verdade é que a política, como a vida nas redes sociais, precisa de mais autenticidade. Já estamos todos um pouco fartos de ver a mesma fotografia de um jantar perfeito com a mesma legenda inspiradora. Já conhecemos os filtros todos. Queremos ver a verdadeira face dos nossos líderes, com todos os seus defeitos e virtudes, porque é isso que nos faz confiar neles. 

Na Assembleia da República, os debates sobre o Orçamento do Estado são um exemplo perfeito desta teatralidade e filtros para uma imagem pública polida. Vemos partidos a posicionarem-se estrategicamente, a fazerem exigências que sabem ser impossíveis de cumprir, tudo para manter a imagem de defensores dos interesses do povo. Mas será que não seria mais produtivo e honesto se todos se concentrassem em trabalhar juntos para encontrar soluções reais? E as comissões de inquérito, e audiências com entidades externas à Assembleia, que nos fazem doer a alma de vergonha alheia pelos decibéis e nível zero de educação? Vale tudo para o like e seguidores!?

E a nossa vida pessoal?

Quantas vezes mostramos apenas o lado bom das coisas, escondendo as dificuldades e os desafios que enfrentamos? Talvez seja hora de sermos mais honestos, tanto nas redes sociais como na política. Afinal, a perfeição é uma ilusão e a verdadeira força está em aceitar e mostrar as nossas vulnerabilidades.  

Por fim, uma reflexão: vivemos num mundo onde a imagem muitas vezes se sobrepõe à realidade. 

Mas não seria maravilhoso se pudéssemos ultrapassar essa barreira e ver as coisas como realmente são? Se conseguirmos fazer isso, tanto na política como na vida pessoal, estaremos a dar um grande passo em direção a uma sociedade mais honesta e autêntica. E quem sabe, talvez um dia possamos olhar para o feed das redes sociais e para os debates parlamentares e ver menos filtros e mais verdade. E ver com mais autenticidade a vida real sabendo o devido espaço da vida virtual. 

A Ilusão da Perfeição: Política, Redes Sociais e até o Orçamento do Estado.


No caso do Orçamento do Estado, vemos partidos que suportam o Governo a fazer de conta que fazem grandes sacrifícios e concessões para garantir o bem-estar da nação, enquanto a oposição ameaça com rejeições dramáticas e discursos inflamados.


Vivemos numa época onde a perceção é a nova realidade. Uma negociação do Orçamento do Estado, tal como a nossa presença nas redes sociais, é um verdadeiro espetáculo teatral. Os partidos que suportam o governo jogam a peça das concessões e sacrifícios, tentando convencer a oposição e a população de que cada euro é bem aplicado. Por outro lado, a oposição ameaça que manda tudo a baixo, faz finca-pé, mas no fundo todos sabem que, no final, o orçamento terá de ser aprovado. É quase como ver um episódio da nossa série favorita onde, mesmo sabendo o desfecho, não conseguimos desviar o olhar e deixar de ver cada minuto.

Mas, será que este teatro político é muito diferente do que vemos diariamente no nosso feed de um Instagram ou Facebook? Aquelas fotografias perfeitas de jantares gourmet, viagens de sonho e sorrisos brilhantes, sempre acompanhadas de hashtags inspiradoras. Sabemos que, muitas vezes, a realidade está longe disso. Quem nunca viu aquela amiga que partilha uma selfie sorridente no meio do trânsito caótico, mas na verdade está a gritar de frustração por dentro? 

A política não é diferente. Cada partido tenta passar a melhor imagem de si mesmo, com discursos inspiradores e promessas grandiosas. No entanto, quando olhamos mais de perto, percebemos que muito do que é apresentado não passa de uma fachada. Tal como as redes sociais, a política é muitas vezes uma ilusão cuidadosamente construída para impressionar e conquistar seguidores – ou neste caso, eleitores. 

No caso do Orçamento do Estado, vemos partidos que suportam o Governo a fazer de conta que fazem grandes sacrifícios e concessões para garantir o bem-estar da nação, enquanto a oposição ameaça com rejeições dramáticas e discursos inflamados. Mas, no final, sabemos que todos têm de chegar a um consenso, e que a grande maioria das “exigências” não passa de espetáculo para manter a audiência entretida. 

A analogia entre política e redes sociais não pára por aqui. Pensemos nas promessas eleitorais como os filtros do Instagram – embelezam a realidade, mas nem sempre são verdadeiras. E tal como nos sentimos desiludidos quando vemos uma foto sem filtro, também ficamos desapontados quando as promessas políticas não se concretizam. 

Na nossa vida pessoal, quantas vezes não nos sentimos pressionados a mostrar uma vida perfeita nas redes sociais? A verdade é que a felicidade não se mede em likes ou seguidores. Algumas das pessoas mais felizes e realizadas que conheço mal tocam nas redes sociais. Estão demasiado ocupadas a viver a vida de verdade, longe dos filtros e das frases copiadas que raspam a perfeição.

Talvez devêssemos aplicar esta filosofia à política. Em vez de criar perceções falsas e jogar este teatro interminável, os nossos líderes poderiam ser mais autênticos, mais transparentes. Poderiam começar a negociar melhor e a trabalhar mais sem palco para o bem comum de forma genuína, em vez de se focarem em manter a aparência de perfeição e sacrifício. 

Seria refrescante e mais inspirador ver um político admitir que não tem todas as respostas, mas que está disposto a ouvir e aprender. Seria maravilhoso se, tal como algumas pessoas estão a fazer com as redes sociais, os políticos decidissem desmistificar o seu trabalho, mostrando as dificuldades e desafios reais que enfrentam. Porque não ser real?

A verdade é que a política, como a vida nas redes sociais, precisa de mais autenticidade. Já estamos todos um pouco fartos de ver a mesma fotografia de um jantar perfeito com a mesma legenda inspiradora. Já conhecemos os filtros todos. Queremos ver a verdadeira face dos nossos líderes, com todos os seus defeitos e virtudes, porque é isso que nos faz confiar neles. 

Na Assembleia da República, os debates sobre o Orçamento do Estado são um exemplo perfeito desta teatralidade e filtros para uma imagem pública polida. Vemos partidos a posicionarem-se estrategicamente, a fazerem exigências que sabem ser impossíveis de cumprir, tudo para manter a imagem de defensores dos interesses do povo. Mas será que não seria mais produtivo e honesto se todos se concentrassem em trabalhar juntos para encontrar soluções reais? E as comissões de inquérito, e audiências com entidades externas à Assembleia, que nos fazem doer a alma de vergonha alheia pelos decibéis e nível zero de educação? Vale tudo para o like e seguidores!?

E a nossa vida pessoal?

Quantas vezes mostramos apenas o lado bom das coisas, escondendo as dificuldades e os desafios que enfrentamos? Talvez seja hora de sermos mais honestos, tanto nas redes sociais como na política. Afinal, a perfeição é uma ilusão e a verdadeira força está em aceitar e mostrar as nossas vulnerabilidades.  

Por fim, uma reflexão: vivemos num mundo onde a imagem muitas vezes se sobrepõe à realidade. 

Mas não seria maravilhoso se pudéssemos ultrapassar essa barreira e ver as coisas como realmente são? Se conseguirmos fazer isso, tanto na política como na vida pessoal, estaremos a dar um grande passo em direção a uma sociedade mais honesta e autêntica. E quem sabe, talvez um dia possamos olhar para o feed das redes sociais e para os debates parlamentares e ver menos filtros e mais verdade. E ver com mais autenticidade a vida real sabendo o devido espaço da vida virtual.