Volta à França. Os bravos do pelotão vão ter muito que trepar

Volta à França. Os bravos do pelotão vão ter muito que trepar


A Volta à França vai amanhã para a estrada com três portugueses no pelotão. São quase 3 500 quilómetros em 21 etapas com a novidade de, pela primeira vez, a prova não terminar em Paris, por causa dos Jogos Olímpicos.


Começa amanhã a 111.ª  Volta à França, a mais conceituada e difícil prova de ciclismo de estrada. A edição deste ano tem 21 etapas, num total de 3 492 quilómetros, e passa por Itália, San Marino, Mónaco e França. A prova começa em Florença e termina em Nice. Pela primeira vez, a tradicional chegada nos Campos Elíseos, no coração de Paris, foi trocada pela Corniche de Nice, a 21 de julho, tudo por causa dos Jogos Olímpicos Paris 2024, que começam a 26 de julho.

O percurso deste ano é para campeões e há quem considere que vai ser a edição mais forte de sempre. Vão estar presentes 22 equipas com oito elementos cada, num total de 176 corredores. Os ciclistas têm pela frente oito etapas planas, quatro etapas de média montanha, sete de alta montanha, quatro delas com chegada acima dos 2 000 metros, e dois contrarrelógios individuais. O Cume de la Bonette, nos Alpes, situa-se a 
2 802 metros de altitude, e será o teto da Volta à França, que passa ainda pela cordilheira dos Apeninos, Alpes italianos e franceses e Pirenéus. Uma outra particularidade: a prova termina com um contrarrelógio de 34 km na zona de Nice, com vista para o Mediterrâneo. Vão ser três semanas muito intensas em pleno verão, onde as grandes estrelas vão realizar etapas de gala para satisfação dos milhares de espetadores que acompanham a prova, incluindo muitos portugueses.

A exemplo do que aconteceu nos dois últimos anos, há vários corredores candidatos à vitória. Jonas Vingegaard está recuperado do brutal acidente que sofreu no País Basco e pode vencer pela terceira vez consecutiva. «Trabalhei bastante nos últimos dois meses para ficar em forma. A agradeço à minha família e à equipa o apoio inabalável. Trabalhamos juntos para chegar a este momento e estou muito motivado», salientou o ciclista do Team Visma/Lease a Bike. Tadej Pogacar, segundo classificado em 2022 e 2023, reconheceu: «Treinei bastante e estou em boa forma». «O último teste foi bom e, sinceramente, nunca me senti tão bem na bicicleta», disse o ciclista da UAE Emirates, que quer desempatar com Vingegaard – ambos venceram por duas vezes a Volta à França. Outros ciclistas a ter em conta são Remco Evenepoel (Souda-QuickStep), que explodiu o ano passado com os triunfos nas voltas a Itália e a Espanha, Primoz Roglic (Bora-Hansgrohe) e Adam Yates (UAE Emirates), um excelente trepador que foi terceiro classificado em 2023.

A União Ciclista Internacional informou toda a caravana que vai realizar cerca de 600 testes antidoping, bem como verificações às bicicletas para confirmar se estão de acordo com o regulamento técnico. A organização vai distribuir um total de 2,3 milhões de euros pelas equipas, sendo que o vencedor da classificação individual recebe 500 mil euros.

Vencer etapas

Vão estar à partida três ciclistas portugueses com o objetivo pessoal de um triunfo numa etapa. Com 25 anos, João Almeida vai estrear-se na Volta a França com a UAE Emirates e tem por missão ajudar Tadej Pogacar a chegar à vitória. Tem finais explosivos e pode vencer etapas. «Acho que é o pelotão mais forte de sempre. Vamos ter basicamente os melhores corredores da atualidade em prova», disse João Almeida, que lamentou que o percurso não tenha «subidas mais inclinadas», palavra de trepador. O seu  grande sonho é igualar ou melhorar os resultados de Joaquim Agostinho nesta mítica prova. Poucos dias depois de se sagrar campeão nacional de estrada, Rui Costa foi confirmado com um dos ciclistas da equipa norte-americana EF Education-EasyPost. É a terceira vez que o ciclista de 37 anos vai participar numa prova onde já venceu três etapas. «Começo a prova com 15 dias de competição, nos outros anos já tinha alguns dias a mais. Era importante para mim ter mais  competição, mas também é certo que saio fresco», disse. Nélson Oliveira vai participar pela oitava vez na Volta à França integrado na equipa Movistar. Com 35 anos, tem a missão de ajudar o chefe de fila Enric Mas a vencer a prova e tem o objetivo pessoal de vencer pelo menos uma etapa: «As oportunidades são poucas. São 21 etapas para 176 corredores, mas espero ter a minha. O contrarrelógio será para eu tentar disputar, é aí que vou estar focado».