Começar a dançar antes de culpar o chão


É essencial que o Governo comece a trabalhar o quanto antes para assumir o controlo das narrativas, para não deixar que outros as construam à sua conta como tem acontecido – caso da eleição do presidente da Assembleia da República ou do IRS.


Quando o político X diz “está um bonito dia de sol”, as equipas de redes sociais de vários jornais apressam-se a lançar uma imagem a comunicar que “Político X acusa a noite de ser feia”. Se por acaso esse político vier ainda a público desmentir e dar nota de que não disse que a noite era feia, corre o risco de ter espalhado pelas redes a sua cara ao lado de “Politico X volta atrás nas declarações que fez”.

O clickbait vai matar o jornalismo ou pelo menos a confiança que se tinha no jornalismo. Já não há criatividade para criar manchetes apelativas, e pura e simplesmente recorre-se à ficção. Recordo o caricato de, perto do período de campanha, Hugo Soares ter estado em três canais de televisão diferentes, ao longo de uma semana, a dizer que o PSD não faria acordos com o CH enquanto em rodapé passavam frases a dizer que o PSD não descartava a hipótese de fazer acordos com o CH. A denúncia feita em direto pelo Secretário-geral do PSD, de que os canais estavam a veicular informação que não correspondia ao que ele estava a dizer, surtiu pouco efeito, pois continuamos a assistir a este tipo de situações em que parece que alguns órgão de comunicação social querem moldar à força a perceção dos cidadãos.

É neste contexto, mais pantanoso que nunca, que entra em funções um novo Governo. Oito anos depois, um novo Governo. Se o anterior, que na teoria já estaria a ganhar rotina e experiência, muitas vezes não era bem sucedido a comunicar a sua narrativa aos portugueses, para quem chega de novo não será certamente mais fácil. Porém, não poderão alegar estar menos avisados pois vivem no mesmo mundo que todos nós.

É um chavão comum da comunicação dizer-se que se alguém não percebe a nossa mensagem, o problema não é de quem não percebe, é de quem emitiu a mensagem. Não comunicou de forma adequada a quem pretendia que a mensagem chegasse. O Governo, a durar quatro anos, terá que entender que a comunicação será o seu pilar fundamental, para se aguentar. E terá igualmente que entender que vai ter a interferir e a deturpar todas as suas mensagens, absolutamente todos os partidos, somando uma comunicação social que vive um momento em que é mais relevante a luta pela atenção que pela informação.

Assim sendo, é essencial que o Governo comece a trabalhar o quanto antes para assumir o controlo das narrativas, para não deixar que outros as construam à sua conta como tem acontecido – caso da eleição do presidente da Assembleia da República ou do IRS.
É necessário que comunique passo a passo, a todos nós, o que pretende fazer, o que está a fazer e que resultado espera obter.

Como uma pequena cirurgia em que o paciente está acordado e precisa de ir ouvindo, da voz do cirurgião, os pequenos passos que este vai executando para chegar ao resultado que ambos pretendem e acordaram previamente, mantendo-se, assim tranquilo.
É preciso explicar quem e quanto beneficiariam todos com a medida A ou B, mas também explicar o custo de oportunidade da sua não implementação caso a Oposição decida fazer o brilharete de as chumbar.

A história deste Governo e dos partidos que o compõem passará indubitavelmente pela história que souberem contar aos portugueses. Se continuarem a permitir que sejam terceiros a construí-la, pode não ser uma história com final feliz. Para o Governo e para o país.


Presidente Juventude Popular de Setúbal
Vogal Comissão Política Nacional da Juventude Popular


Começar a dançar antes de culpar o chão


É essencial que o Governo comece a trabalhar o quanto antes para assumir o controlo das narrativas, para não deixar que outros as construam à sua conta como tem acontecido – caso da eleição do presidente da Assembleia da República ou do IRS.


Quando o político X diz “está um bonito dia de sol”, as equipas de redes sociais de vários jornais apressam-se a lançar uma imagem a comunicar que “Político X acusa a noite de ser feia”. Se por acaso esse político vier ainda a público desmentir e dar nota de que não disse que a noite era feia, corre o risco de ter espalhado pelas redes a sua cara ao lado de “Politico X volta atrás nas declarações que fez”.

O clickbait vai matar o jornalismo ou pelo menos a confiança que se tinha no jornalismo. Já não há criatividade para criar manchetes apelativas, e pura e simplesmente recorre-se à ficção. Recordo o caricato de, perto do período de campanha, Hugo Soares ter estado em três canais de televisão diferentes, ao longo de uma semana, a dizer que o PSD não faria acordos com o CH enquanto em rodapé passavam frases a dizer que o PSD não descartava a hipótese de fazer acordos com o CH. A denúncia feita em direto pelo Secretário-geral do PSD, de que os canais estavam a veicular informação que não correspondia ao que ele estava a dizer, surtiu pouco efeito, pois continuamos a assistir a este tipo de situações em que parece que alguns órgão de comunicação social querem moldar à força a perceção dos cidadãos.

É neste contexto, mais pantanoso que nunca, que entra em funções um novo Governo. Oito anos depois, um novo Governo. Se o anterior, que na teoria já estaria a ganhar rotina e experiência, muitas vezes não era bem sucedido a comunicar a sua narrativa aos portugueses, para quem chega de novo não será certamente mais fácil. Porém, não poderão alegar estar menos avisados pois vivem no mesmo mundo que todos nós.

É um chavão comum da comunicação dizer-se que se alguém não percebe a nossa mensagem, o problema não é de quem não percebe, é de quem emitiu a mensagem. Não comunicou de forma adequada a quem pretendia que a mensagem chegasse. O Governo, a durar quatro anos, terá que entender que a comunicação será o seu pilar fundamental, para se aguentar. E terá igualmente que entender que vai ter a interferir e a deturpar todas as suas mensagens, absolutamente todos os partidos, somando uma comunicação social que vive um momento em que é mais relevante a luta pela atenção que pela informação.

Assim sendo, é essencial que o Governo comece a trabalhar o quanto antes para assumir o controlo das narrativas, para não deixar que outros as construam à sua conta como tem acontecido – caso da eleição do presidente da Assembleia da República ou do IRS.
É necessário que comunique passo a passo, a todos nós, o que pretende fazer, o que está a fazer e que resultado espera obter.

Como uma pequena cirurgia em que o paciente está acordado e precisa de ir ouvindo, da voz do cirurgião, os pequenos passos que este vai executando para chegar ao resultado que ambos pretendem e acordaram previamente, mantendo-se, assim tranquilo.
É preciso explicar quem e quanto beneficiariam todos com a medida A ou B, mas também explicar o custo de oportunidade da sua não implementação caso a Oposição decida fazer o brilharete de as chumbar.

A história deste Governo e dos partidos que o compõem passará indubitavelmente pela história que souberem contar aos portugueses. Se continuarem a permitir que sejam terceiros a construí-la, pode não ser uma história com final feliz. Para o Governo e para o país.


Presidente Juventude Popular de Setúbal
Vogal Comissão Política Nacional da Juventude Popular