Jacques Delors


Deixou-nos um gigante da política, um convicto católico, um convicto federalista e um grande amigo de Portugal. Saibamos honrar o seu legado.


Tive o privilégio de conhecer e trabalhar com Jacques Delors que nos deixou com 98 anos de idade. Um líder visionário, um grande defensor da integração europeia e um dos seus principais construtores. E um grande amigo de Portugal. Como presidente da Comissão Europeia de 1985 a 1995, desempenhou um papel fundamental na construção e fortalecimento da União Europeia. A sua visão, liderança e empenho no processo de integração tornaram-no num dos políticos mais influentes do século XX. 

Jacques Lucien Jean Delors nasceu em 20 de julho de 1925, em Paris, França. Cresceu numa família de políticos e rapidamente desenvolveu interesse pela política e pelos assuntos europeus. Delors estudou na universidade de Paris, onde se formou em direito e economia. Após uma carreira no Banco de França, de 1945 a 1962, tornou-se membro do Conselho Económico e Social e chefe de serviço dos assuntos sociais no Comissariado Geral do Planeamento até 1969, onde foi nomeado secretário-geral para a formação permanente e para a promoção social. Foi membro do gabinete do primeiro-ministro Jacques Chaban-Delmas, de 1969 a 1972, encarregado dos assuntos sociais e culturais, bem como das questões económicas, financeiras e sociais.

Foi professor associado da Universidade de Paris-Dauphine, de 1974 a 1979, e dirigiu o Centro de Pesquisa Trabalho e Sociedade. Foi membro do Conselho Geral da banca francesa, de 1973 a 1979 e ensinou também na Escola Nacional de Administração. Enquanto membro do partido socialista, em 1974, e do seu comité diretor, em 1979, foi eleito parlamentar europeu em 1979 e presidiu a Comissão Económica e Monetária até maio de 1981. De maio de 1981 a julho de 1984, Jacques Delors foi Ministro da Economia e das Finanças e foi também eleito Presidente da Câmara de Clichy, de 1983 a 1984.

Em janeiro de 1985 foi eleito presidente da Comissão Europeia onde assegurou três mandatos até janeiro de 1995. Durante os seus dez anos de mandato, o processo de integração europeia fez avanços extraordinários. Delors promoveu a política de coesão económica e social, garantindo que todos os países membros se beneficiassem do processo de integração. Alterou as prioridades do orçamento comunitário, que era destinado em mais de 50 % para o financiamento da Política Agrícola Comum (PAC) quando entrou, para passar a financiar principalmente o desenvolvimento das regiões mais desfavorecidas através dos fundos estruturais, dos quais Portugal foi um grande beneficiário. Promoveu, através do Ato Único Europeu, a criação de um verdadeiro mercado único, que procurou eliminar barreiras comerciais e promover a livre circulação de bens, serviços, pessoas e capitais dentro da União Europeia. Foi o grande impulsionador da União Económica e Monetária, que culminou na criação do euro como moeda comum. Além disso, também promoveu a criação de uma União Política com o Tratado de Maastricht, que transformou as Comunidades Europeias numa verdadeira União Europeia, parceira respeitada e influente de todas as instituições multilaterais. 

Foi um ativo apoiante do processo de reunificação alemão, e promoveu o rápido desenvolvimento económico e político dos países do Leste que se libertaram da cortina de ferro.

Fez parte de uma geração de gigantes políticos, com Margaret Thatcher, Helmut Kohl, Ronald Reagan e o Papa João Paulo II, que derrotaram o comunismo e criaram as bases para um período de paz e prosperidade mundiais sem precedente na história da humanidade. Em 1995, sendo o francês que liderava com grande margem as sondagens para ser o próximo presidente da República Francesa, não quis aceitar essa candidatura, para se dedicar mais à família e deixar singrar na política a sua filha Martine Aubry. Foi uma decisão, que muitos lamentaram, e que privou o Conselho Europeu de ter uma voz respeitada, convincente e convicta, para prosseguir as sementes que tinha lançado enquanto liderou a Comissão Europeia. 

O legado de Jacques Delors é inegável. Sua visão e liderança ajudaram a moldar a União Europeia como a conhecemos hoje. Jacques Delors foi uma figura inspiradora e um convicto defensor da integração europeia. A sua liderança visionária ajudou a fortalecer a coesão, influência e a prosperidade do continente. O seu legado continua a influenciar os debates políticos e a moldar o futuro da Europa. Jacques Delors é um exemplo de como um líder determinado e criativo pode fazer a diferença num mundo em constante mudança.
Deixou-nos um gigante da política, um convicto católico, um convicto federalista e um grande amigo de Portugal. Saibamos honrar o seu legado.

Lisboa, 28 de dezembro de 2023

Engenheiro, subscritor do manifesto “Por uma Democracia de Qualidade”

Jacques Delors


Deixou-nos um gigante da política, um convicto católico, um convicto federalista e um grande amigo de Portugal. Saibamos honrar o seu legado.


Tive o privilégio de conhecer e trabalhar com Jacques Delors que nos deixou com 98 anos de idade. Um líder visionário, um grande defensor da integração europeia e um dos seus principais construtores. E um grande amigo de Portugal. Como presidente da Comissão Europeia de 1985 a 1995, desempenhou um papel fundamental na construção e fortalecimento da União Europeia. A sua visão, liderança e empenho no processo de integração tornaram-no num dos políticos mais influentes do século XX. 

Jacques Lucien Jean Delors nasceu em 20 de julho de 1925, em Paris, França. Cresceu numa família de políticos e rapidamente desenvolveu interesse pela política e pelos assuntos europeus. Delors estudou na universidade de Paris, onde se formou em direito e economia. Após uma carreira no Banco de França, de 1945 a 1962, tornou-se membro do Conselho Económico e Social e chefe de serviço dos assuntos sociais no Comissariado Geral do Planeamento até 1969, onde foi nomeado secretário-geral para a formação permanente e para a promoção social. Foi membro do gabinete do primeiro-ministro Jacques Chaban-Delmas, de 1969 a 1972, encarregado dos assuntos sociais e culturais, bem como das questões económicas, financeiras e sociais.

Foi professor associado da Universidade de Paris-Dauphine, de 1974 a 1979, e dirigiu o Centro de Pesquisa Trabalho e Sociedade. Foi membro do Conselho Geral da banca francesa, de 1973 a 1979 e ensinou também na Escola Nacional de Administração. Enquanto membro do partido socialista, em 1974, e do seu comité diretor, em 1979, foi eleito parlamentar europeu em 1979 e presidiu a Comissão Económica e Monetária até maio de 1981. De maio de 1981 a julho de 1984, Jacques Delors foi Ministro da Economia e das Finanças e foi também eleito Presidente da Câmara de Clichy, de 1983 a 1984.

Em janeiro de 1985 foi eleito presidente da Comissão Europeia onde assegurou três mandatos até janeiro de 1995. Durante os seus dez anos de mandato, o processo de integração europeia fez avanços extraordinários. Delors promoveu a política de coesão económica e social, garantindo que todos os países membros se beneficiassem do processo de integração. Alterou as prioridades do orçamento comunitário, que era destinado em mais de 50 % para o financiamento da Política Agrícola Comum (PAC) quando entrou, para passar a financiar principalmente o desenvolvimento das regiões mais desfavorecidas através dos fundos estruturais, dos quais Portugal foi um grande beneficiário. Promoveu, através do Ato Único Europeu, a criação de um verdadeiro mercado único, que procurou eliminar barreiras comerciais e promover a livre circulação de bens, serviços, pessoas e capitais dentro da União Europeia. Foi o grande impulsionador da União Económica e Monetária, que culminou na criação do euro como moeda comum. Além disso, também promoveu a criação de uma União Política com o Tratado de Maastricht, que transformou as Comunidades Europeias numa verdadeira União Europeia, parceira respeitada e influente de todas as instituições multilaterais. 

Foi um ativo apoiante do processo de reunificação alemão, e promoveu o rápido desenvolvimento económico e político dos países do Leste que se libertaram da cortina de ferro.

Fez parte de uma geração de gigantes políticos, com Margaret Thatcher, Helmut Kohl, Ronald Reagan e o Papa João Paulo II, que derrotaram o comunismo e criaram as bases para um período de paz e prosperidade mundiais sem precedente na história da humanidade. Em 1995, sendo o francês que liderava com grande margem as sondagens para ser o próximo presidente da República Francesa, não quis aceitar essa candidatura, para se dedicar mais à família e deixar singrar na política a sua filha Martine Aubry. Foi uma decisão, que muitos lamentaram, e que privou o Conselho Europeu de ter uma voz respeitada, convincente e convicta, para prosseguir as sementes que tinha lançado enquanto liderou a Comissão Europeia. 

O legado de Jacques Delors é inegável. Sua visão e liderança ajudaram a moldar a União Europeia como a conhecemos hoje. Jacques Delors foi uma figura inspiradora e um convicto defensor da integração europeia. A sua liderança visionária ajudou a fortalecer a coesão, influência e a prosperidade do continente. O seu legado continua a influenciar os debates políticos e a moldar o futuro da Europa. Jacques Delors é um exemplo de como um líder determinado e criativo pode fazer a diferença num mundo em constante mudança.
Deixou-nos um gigante da política, um convicto católico, um convicto federalista e um grande amigo de Portugal. Saibamos honrar o seu legado.

Lisboa, 28 de dezembro de 2023

Engenheiro, subscritor do manifesto “Por uma Democracia de Qualidade”