Max Verstappen. Um campeão sem igual

Max Verstappen. Um campeão sem igual


Max Verstappen conquistou o terceiro título mundial numa época em que lutou contra a história e estabeleceu novos recordes na Fórmula 1. O neerlandês não quer  ficar por aqui.


O 74.º Campeonato do Mundo de Fórmula 1 ficou marcado pelo domínio de Max Verstappen e da Red Bull, que passaram por cima dos rivais e fizeram uma época que roçou a perfeição. A Fórmula 1 é um desporto que vive de números; desde as milésimas de segundo da grelha de partida até aos milhões de euros que circulam pelo paddock. Olhando para o lado desportivo, a temporada de 2023 foi rica em números. O tricampeão conseguiu o feito de terminar todas as corridas, e fechou o campeonato com 19 vitórias em 22 corridas, batendo o seu recorde anterior de 15 vitórias numa época. Pelo caminho venceu dez corridas consecutivas, superando Sebastian Vettel, com nove triunfos em 2013, e subiu por 21 vezes ao pódio, batendo o seu anterior recorde de 18 pódios. Max Verstappen conseguiu também a maior percentagem de vitórias de sempre numa época. Em 1952, Alberto Ascari venceu seis corridas em oito, com uma taxa de sucesso de 75%, Verstappen venceu 19 de 22 corridas e a taxa de sucesso foi de 86,4 %.

Nesse caminho triunfante obteve 575 pontos no campeonato (92,7% de aproveitamento) e bateu o seu próprio recorde de 454 pontos. É mais que o dobro do vice-campeão Sergio Perez que, com um carro igual, conseguiu somente 285 pontos. O mais extraordinário é que se Max Verstappen fosse uma equipa teria conseguido mais pontos do que os dois pilotos da Mercedes juntos (575 contra 409). Max Verstappen conseguiu 1004 pontos consecutivos, suplantando Lewis Hamilton com 998 pontos. Essa contabilidade começou no Grande Prémio da Emília Romagna em 2022 e ainda continua. Desde o Grande Prémio de Espanha de 2022 que lidera o Mundial de pilotos, ou seja, há 39 corridas que está na frente.

 

Época perfeita

Max Verstappen tinha o melhor carro e não cometeu qualquer erro ao longo da época. Nas raras situações em que andou por lugares secundários mostrou o seu instinto “matador” e levou a condução ao limite para ganhar posições e colocar as coisas no seu devido lugar. O seu domínio em pista pode ser avaliado também pelas voltas que liderou numa só época: foram 1033 em 1325 possíveis, e lá se foi mais um recorde que pertencia a Vettel com 739 voltas no comando de um grande prémio.

O piloto alcançou 12 vitórias partindo da pole position, batendo os registos de Nigel Mansell, em 1992, e Sebastian Vettel com nove vitórias, em 2011. Não admira que o piloto da Red Bull tenha conquistado o campeonato a seis corridas do fim, feito que só Michael Schumacher tinha conseguido em 2002. Mesmo depois de se sagrar tricampeão mundial, manteve a motivação em alta e continuou a exigir o máximo da equipa. Não é recorde, mas é um registo importante. O neerlandês é o segundo piloto a vencer três campeonatos aos 26 anos, apenas Sebastian Vettel fez melhor com quatro títulos aos 26 anos.

A Red Bull conquistou o sexto título de construtores com 860 pontos, bateu o recorde de 2016 que pertencia à Mercedes com 765 pontos, e conseguiu mais pontos do que a Mercedes e Ferrari juntas. Só a derrapagem em Singapura impediu de fazer o pleno de vitórias, mas esse domínio absoluto tem um preço elevado. Para participar em 2024 vai ter de pagar 6,7 milhões de euros à FIA, esse valor é calculado tendo em conta os pontos acumulados na época anterior, e foram muitos. Além da taxa de participação de 460 mil euros, cada ponto vale 5560 euros. Christian Horner, responsável da equipa, comentou: «É um cheque gordo que temos de passar à FIA, mas é um luxo ter esse problema».

A Mercedes, segunda classificada com 409 pontos, vai pagar “apenas” 2,8 milhões de euros. O ano da Red Bull ficou também por ter batido o recorde de vitórias da McLaren, obtido em 1988 com Ayrton Senna e Alain Prost, e pela 100.ª vitória num grande prémio, que permitiu à equipa entrar num restrito grupo onde estão a Ferrari, Williams, McLaren e Mercedes.

Contudo, houve um recorde que escapou por milésimos de segundo. A McLaren conseguiu trocar os quatros pneus do carro de Lando Norris em apenas 1,80 s, conseguindo o pit stop mas rápido na história da Fórmula 1, batendo por 0,2 s a marca de 2019, que pertencia à Red Bull.

Na Fórmula 1, o primeiro adversário a bater é o colega de equipa. Nessa guerra interna, Max Verstappen (1.º) foi implacável para com Sergio Perez (2.º) e marcou mais 290 pontos do que o mexicano. Na Aston Martin, Fernando Alonso (4.º) não poupou o filho do dono da equipa, Lance Stroll (10.º), e fez mais 132 pontos. Lewis Hamilton (3.º) foi de longe o melhor na Mercedes e deixou George Russel (8.º) a 59 pontos. Bem mais equilibrada foi a luta no seio da Ferrari, Charle Leclerc (5.º) ficou sete pontos à frente de Carlos Sainz (7.º).

Há décadas que a Fórmula 1 se tornou um negócio de milhões. Isso ficou bem evidente este ano com a entrada em força de grandes empresas da área das novas tecnologias, financeira e do ramo petrolífero. Segundo a RTR Sports Marketing, as dez equipam que participaram no Mundial estabeleceram 275 programas de patrocínio para 2023 e apresentaram uma impressionante carteira de patrocinadores e parceiros. Os seus nomes estão bem visíveis nos carros, mas também nos fatos de competição dos pilotos e no equipamento de todos os membros das equipas. Apenas a Williams e McLaren não têm o nome de patrocinadores na designação oficial, embora tenham empresas a apoiar.