Campeonato: Os grandes apepinadores!

Campeonato: Os grandes apepinadores!


Por via da palhaçada em que se transformou o FCPorto-Arouca, o campeonatozinho português voltou a ser motivo de riso na Europa.


O nosso tão medíocre campeonatozinho nacional parece fazer questão de, volta e meia, se transformar no pagode da imprensa internacional. O recente FCPorto-Arouca e a arbitragem grotesca de um tal Miguel Bértolo Nogueira, militar pelos vistos (já dizia o meu querido amigo coronel Aventino Teixeira que militar culto só se for autodidata) transformou-se numa fonte de gargalhadas e de adjetivos ao nível do «ridículo, caricato, chocante e absurdo» nos jornais italianos, franceses e espanhóis, aqueles que, no fundo, ainda perdem tempo com aquilo que por aqui se passa. Não conheço o senhor Bértolo de lado nenhum nem tenho nada de pessoal contra o mamífero, mas confesso que faria um enorme favor a quem gosta do jogo inventado pelos ingleses se se dedicasse mais a compor a farda e a orientar recrutas na parada do que a soprar num apito, ele que se revelou um soprador de belos pulmões tantas apitadelas se ouviram nas Antas, sobretudo de cada vez que um jogador caía na área do Arouca como uma ameixa madura, e as ameixas começaram a tombar logo no início de um jogo que levou com a carga adicional de mais 23. 

Dei por mim, a certa altura, a relembrar o Arturzinho Corvelo, de A Capital do divino Eça. Atrapalhado e envergonhado numa festa finória para a qual fora convidado, refugiou-se numa cadeira a ver um álbum de fotografias até que passou por uma página onde posava sua majestade o rei. Alguém a seu lado, num sussurro respeitoso, fez-lhe notar a real figura. E o Artur, a meter os pés pelas mãos, soltou a frase assassina: «Grande apepinador!». Foi um escândalo, Corvelo saiu à pressa da vernissage, deixou o chapéu esmagado debaixo das nádegas abundantes de uma senhora desconhecida, e ainda foi gozado por ter andado a passear no Chiado de cabeça a descoberto, coisa de muito falta de nível na altura.
Apepinador é uma expressão maravilhosa. Diz o dicionário que se refera àquele que apepina, caçoa, goza. Ora, no último domingo, nas Antas, tivemos o apepinador-mor chamado Bértolo (com azar ainda ia a Bertoldo que é outra expressão com muito chiste) a brincar aos árbitros e a apepepinar todos os muitos milhares de espetadores que seguiam a partida pela televisão. Um apepinador profissional!

Penaltis em barda!

Há muito tempo que não víamos um árbitro a apitar tantos penaltis. A cada ameixa (perdão, a cada jogador do Porto) que se esborrachava na grande-área dos pobres arouquenses, Bértolo soltava um silvo autoritário que permitia supor que a sua patente militar vai para cima de major. Quatro grandes penalidades viu o árbitro, e três das quais foram-lhe recusadas. OVAR gastou tanta energia a contrariar a vontade de Bértolo que acabou por ficar sem energia (ficaremos sem saber porquê e por culpa de quem) e obrigou a uma longa conversa via telefónica com aqueles que, pretensamente, estavam a ver melhor do que o pobre militar que viveu uma das noites mais trapalhonas da sua vida. Mais valia ter atuado de barrete enfiado na cabeça já que ninguém ainda leva a mal andar com o toutiço destapado na rua. 

Desde que o VAR tomou conta do futebol português não se pode dizer que as coisas tenham melhorado por aí além. Maus árbitros são sempre maus árbitros. E como geralmente em frente às câmaras televisivas estão maus árbitros ou ex-maus árbitros não há milagres. Curiosamente, e apesar de ter chegado ao empate já nos descontos num golo muito mais irregular do que o que tinha sido anulado aoSporting umas horas antes em Braga, a comissão eleitoral portista veio a lume tratar de apoucar o tal de Bértolo que fez os possíveis e impossíveis para oferecer um pénalti ao FC Porto e levou a tarefa a bom termo apesar da defesa de Arruarabena ao remate de Galeno. Já ninguém se admira. De cada vez que o campeão nacional dos arguidos se apresenta numa daquelas farsas bacocas a que chamam eleições lá para os lados das Antas, o futebol português pega fogo. Desta vez arde logo à quarta jornada. Os grandes apepinadores prometem dar que falar.