Competir por uma causa solidária

Competir por uma causa solidária


A Wings for Life World Run é a maior corrida solidária do mundo, onde mais de 206 mil participantes correm por aqueles que não o podem fazer.


Este evento global foi criado em 2014 e tem a particularidade de se realizar em simultâneo em diferentes cidades do mundo. O objetivo da corrida é apoiar o trabalho da Fundação Wings for Life na investigação científica para encontrar a cura para as lesões na espinal medula, que afeta mais de três milhões de pessoas em todo o mundo. Até hoje, foram angariados 43,8 milhões de euros e 1.293.716 pessoas percorreram um total de 11.839 quilómetros. 

A edição de 2023 contou com 206.728 participantes, um novo recorde, em representação de 192 países. Ao contrário do que é habitual, não existe uma distância fixa a percorrer, nem uma linha de meta. Em vez disso, os participantes correm para não serem apanhados por um ‘carro meta’ da organização que parte 30 minutos depois dos participantes, começa a andar a uma velocidade constante de 15 km/h e aumenta progressivamente o ritmo até alcançar o último participante, é nessa altura que a corrida termina e esse atleta é declarado vencedor. O recorde da prova pertence ao sueco Aron Anderson, que cumpriu a impressionante distância de 89,95 quilómetros numa cadeira de rodas convencional. A Wings for Life World Run deste ano teve lugar em sete países: Áustria, Suíça, Alemanha, Polónia, Croácia, Eslovénia e Geórgia, e manteve o formato habitual. Os participantes estão ligados pela App Run, e cada um corre onde quer. Outra originalidade é que começam todos a correr ao mesmo tempo. Em Portugal, o tiro de partida virtual foi dado às 12 horas, na Nova Zelândia às 23 horas e no Canadá às 4 horas da manhã. Na Índia, foi o percurso mais quente, registaram-se temperatura de 39ºC, e no Canadá, a corrida foi mais fria, com apenas 5ºC

Em termos desportivos, a vitória foi atribuída, no Japão, a Jo Fukuda, que correu 69.01 quilómetros nas ruas de Tóquio. «É um evento muito especial para mim porque posso ter impacto nos outros a fazer uma coisa de que gosto muito que é correr. Queria vencer novamente e isso motivou-me bastante», disse depois de ter sido alcançado pelo carro da organização. 

E, na Polónia, Katarzyna Szkoda, foi a vencedora da prova feminina, com a marca de 55,07 quilómetros. «Foi das melhores sensações da munha vida», afirmou no final. 

Portugal esteve presente com vários atletas, Vera Nunes foi a melhor atleta nacional ao terminar no 31.º lugar. 

A prova é organizada pela Wings for Life Foundation, que nasceu em 2004 com o objetivo encontrar a cura para as lesões na espinal medula. Todos os esforços têm sido concentrados no financiamento de projetos de investigação, procurando não apenas a cura definitiva, mas também formas de melhorar a qualidade de vida dos doentes. Até hoje, foram apoiados 276 projetos de investigação em 17 países liderados por equipas de cientistas das mais reputadas instituições, como a Universidade de Cambridge ou a Harvard Medical School. 

Atualmente, estão em curso 74 projetos, alguns já em fase de testes clínicos em pacientes.