Um futuro chato e sem qualquer interesse


O mundo robotizado, informatizado, ‘algoritmatizado’ construído por esses (verdadeiros) novos donos disto tudo é um mundo despersonalizado, descaracterizado, sem alma, sem nervo, sem emoção. Não tem sangue a correr nas veias, nem vida.


O exercício do i de colocar nas bancas – na edição da semana passada – um jornal elaborado quase sem intervenção humana, em vez de escrito por jornalistas de carne e osso com carteira profissional e esses ‘pormenores’ ainda da nossa época, é a prova provada de que essa realidade que se anuncia para o futuro já muito próximo tem muito pouco interesse ou, melhor dizendo, não tem interesse algum.

O mundo do ChatGPT, de facto, impressiona, percebe-se o seu gigantesco potencial, vislumbra-se os enormes riscos e, sobretudo, reconhece-se a capacidade extraordinária de permitir a recolha de informação dos seus utilizadores – quais incautos usuários das redes sociais que colocam a população mundial em geral à mercê da dúzia e meia de geniais criadores e dominadores da realidade cada vez menos virtual da web.

O mundo robotizado, informatizado, ‘algoritmatizado’ construído por esses (verdadeiros) novos donos disto tudo é um mundo despersonalizado, descaracterizado, sem alma, sem nervo, sem emoção. Não tem sangue a correr nas veias, nem vida.

É tudo afinado pelo mesmo diapasão, calibrado, catalogado, tagado.

O conhecimento e o pensamento, ao alcance de qualquer um e à distância de um clic, perdem valor, chegando a questionar-se o esforço de quem investe na sua instrução, formação, cultura.

Ao ponto de a leitura se confundir com a perda de um tempo que os humanos cada vez mais alienam e do qual cada vez menos dispõem, apesar de o progresso e das novas tecnologias deverem ter como objetivo contribuir precisamente para que o homem tivesse mais tempo e mais disponibilidade para o seu enriquecimento pessoal, educativo e cultural.

Quanto mais massificada e disponível a informação e o conhecimento mais aculturada se revela a sociedade.

Como se o objetivo da humanidade seja a criação de uma sociedade acrítica e acéfala, regulada pelo algoritmo, em que todos têm carros elétricos da marca Tesla, de Elon Musk.

Sim, eles são todos iguais independentemente do modelo, da potência, da autonomia, do espaço interior, do preço.

E não deixa de ser curioso que um em cada quatro Teslas importados pela Europa tenha como destino Portugal. Este país de Marias que vão com as outras, na carneirada, seguindo a moda, por mais parva que seja, e em que, de repente, as casas novas também são todas do mesmo género, em jeito de cubos com fachadas de vidro, sem atender às especificidades de cada região e às exigências da natureza de cada uma.

Enfim, todos diferentes mas todos iguais.Não é progresso. É uma chatice. Acrítica e acéfala. Sem sangue e sem alma.

Um futuro chato e sem qualquer interesse


O mundo robotizado, informatizado, ‘algoritmatizado’ construído por esses (verdadeiros) novos donos disto tudo é um mundo despersonalizado, descaracterizado, sem alma, sem nervo, sem emoção. Não tem sangue a correr nas veias, nem vida.


O exercício do i de colocar nas bancas – na edição da semana passada – um jornal elaborado quase sem intervenção humana, em vez de escrito por jornalistas de carne e osso com carteira profissional e esses ‘pormenores’ ainda da nossa época, é a prova provada de que essa realidade que se anuncia para o futuro já muito próximo tem muito pouco interesse ou, melhor dizendo, não tem interesse algum.

O mundo do ChatGPT, de facto, impressiona, percebe-se o seu gigantesco potencial, vislumbra-se os enormes riscos e, sobretudo, reconhece-se a capacidade extraordinária de permitir a recolha de informação dos seus utilizadores – quais incautos usuários das redes sociais que colocam a população mundial em geral à mercê da dúzia e meia de geniais criadores e dominadores da realidade cada vez menos virtual da web.

O mundo robotizado, informatizado, ‘algoritmatizado’ construído por esses (verdadeiros) novos donos disto tudo é um mundo despersonalizado, descaracterizado, sem alma, sem nervo, sem emoção. Não tem sangue a correr nas veias, nem vida.

É tudo afinado pelo mesmo diapasão, calibrado, catalogado, tagado.

O conhecimento e o pensamento, ao alcance de qualquer um e à distância de um clic, perdem valor, chegando a questionar-se o esforço de quem investe na sua instrução, formação, cultura.

Ao ponto de a leitura se confundir com a perda de um tempo que os humanos cada vez mais alienam e do qual cada vez menos dispõem, apesar de o progresso e das novas tecnologias deverem ter como objetivo contribuir precisamente para que o homem tivesse mais tempo e mais disponibilidade para o seu enriquecimento pessoal, educativo e cultural.

Quanto mais massificada e disponível a informação e o conhecimento mais aculturada se revela a sociedade.

Como se o objetivo da humanidade seja a criação de uma sociedade acrítica e acéfala, regulada pelo algoritmo, em que todos têm carros elétricos da marca Tesla, de Elon Musk.

Sim, eles são todos iguais independentemente do modelo, da potência, da autonomia, do espaço interior, do preço.

E não deixa de ser curioso que um em cada quatro Teslas importados pela Europa tenha como destino Portugal. Este país de Marias que vão com as outras, na carneirada, seguindo a moda, por mais parva que seja, e em que, de repente, as casas novas também são todas do mesmo género, em jeito de cubos com fachadas de vidro, sem atender às especificidades de cada região e às exigências da natureza de cada uma.

Enfim, todos diferentes mas todos iguais.Não é progresso. É uma chatice. Acrítica e acéfala. Sem sangue e sem alma.