Nélson Évora diz que FPA comprou naturalização de Pablo Pichardo

Nélson Évora diz que FPA comprou naturalização de Pablo Pichardo


O presidente da FPA, Jorge Vieira, já reagiu à polémica entre os atletas e negou as acusações.


Não se davam nas pistas de atletismo, nem tão pouco fora delas. Mas a rivalidade entre os dois melhores portugueses de sempre no triplo salto ganhou outras proporções no último domingo, depois de uma entrevista de Nélson Évora ao Observador, em que o atleta natural de Cabo-Verde criticou o processo de naturalização de Pablo Pichard, que abandonou Cuba para refazer a sua vida na Europa.

Nélson Évora, ex-campeão olímpico, criticou o processo de naturalização de Pablo Pichard, apontado a rapidez com que o atual recordista se naturalizou e lança críticas à federação portuguesa de atletismo: "É muito tempo para um desportista? Eu entendo. Que seja três meses. Mas que seja três meses para toda a gente. Não seja 10 anos para um atleta porque realmente não teve a mesma oportunidade ou as mesmas cunhas". Acusou ainda a federação de comprar o atleta para "poder ter resultados a curto prazo", sublinhando que existem atletas que "chegaram antes de Pichardo e ainda não têm nacionalidade" portuguesa.

Natural de Cabo-Verde, Nélson Évora veio para Portugal com a família quando tinha nove anos de idade. O seu processo de naturalização demorou 10 anos, tendo competido pela primeira com a camisola portuguesa em 2001, chegando a conquistar a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, atingindo a marca de 17,74 m.

Já o bicampeão Europeu e também medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, usou as redes sociais para devolver uma resposta às críticas feitas pelo rival: "Quando dizes que fui comprado me estás a faltar respeito […] Não sei quais os problemas que tens na cabeça ou se tens problemas com alguém que está no Benfica mas não deves misturar-me nessas coisas falando de mim", lê-se numa publicação nas redes sociais.

O recordista acrescenta ainda: "Passar 11 anos para teres um documento português não te faz mais português que ninguém".

Quem também entrou na polémica foi Jorge Vieira, Presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) que afirma que a "federação não teve sequer uma troca de palavras com Pedro Pichardo antes de ele estar naturalizado. É impossível consentir uma acusação deste género", disse, reiterando que "nunca convidámos nenhum atleta a ser português".

Conta ainda que a naturalização do atleta foi "feita de acordo com a lei portuguesa", defendendo que a naturalização de Nélson Évora foi diferente. "Durante todo este período jovem do Nelson Évora não houve qualquer argumento para acelerar a naturalização. Teve de se esperar pela maioridade".

Pedro Pablo Pichardo nasceu em Cuba e abandonou um estágio da seleção cubana na Alemanha, em 2017, e em abril do mesmo ano assinou um contrato com o Benfica. Ao abrigo do estatuto de refugiado conseguiu a nacionalidade portuguesa em dezembro desse ano. Sagrou-se bicampeão Europeu de triplo salto em pista coberta em Istambul na Turquia e bateu o recorde nacional de triplo salto de 17,60 metros, além de ter atingido o lugar mais alto do pódio dos Jogos Olímpicos de Tóquio.