Conferência de Líderes reúne terça-feira sobre moção de censura

Conferência de Líderes reúne terça-feira sobre moção de censura


No texto da moção de censura entregue no Parlamento, os liberais apontam que o Executivo socialista é irreformável.


A Conferência de Líderes vai reunir-se extraordinariamente na terça-feira para discutir o "agendamento e organização" da moção de censura ao Governo da Iniciativa Liberal. Na ordem de trabalhos está também prevista a apreciação dos requerimentos do PSD e do Chega para um debate de urgência com o primeiro-ministro.

Antes de o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, ter convocado a reunião, a Conferência de Líderes estava apenas prevista para a próxima quarta-feira, dia 4 de janeiro. Essa reunião mantém-se, mas será dedicada a outros agendamentos.

No texto da moção de censura entregue no Parlamento, que deverá ser debatido na quarta-feira, os liberais apontam que o Executivo socialista é irreformável, "por convicções erradas, incapacidades políticas ou desgastes pessoais", e "projeta a sua inércia e resignação sobre o país que lhe confiou o mandato".

A IL critica a atuação do Governo nos vários setores, da educação e saúde às áreas de soberania. Numa referência omissa às palavras de António Costa que se referiu aos liberais como "queques" que "guincham", numa entrevista à Visão, o partido acusa também o primeiro-ministro de falta de contenção verbal e de optar pelo insulto aos adversários políticos, revelando um "desnorte completo".  

"Tornou-se evidente que este Governo é incapaz de assegurar a equipa coesa, preparada e idónea de que precisa para liderar as reformas profundas de que o país necessita. Em apenas nove meses, o país assistiu a onze demissões e a uma profusão de situações que têm demonstrado uma total incapacidade do Governo de executar o mandato que lhe foi atribuído pelos portugueses", lê-se no documento de oito páginas que foi entregue no Parlamento na quinta-feira.

Os liberais alegam ainda que "nunca se assistiu a nada semelhante num quadro de maioria absoluta, em tão curto prazo, desde a vigência dos governos constitucionais, há quase meio século", e que o recente caso da secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, "é apenas o último entre vários, limitando-se a confirmar uma tendência de degradação das instituições".

Esta vai ser a segunda moção de censura que o Governo enfrenta desde que iniciou funções, a 30 de março, depois de ter vencido as eleições legislativas de janeiro. Tal como na primeira moção de censura, apresentada pelo Chega, o Governo está blindado com uma maioria absoluta da bancada do PS para o apoiar, sendo expectável que a nova iniciativa seja chumbada pelos deputados socialistas.

Além deste ponto, a Conferência de Líderes irá ainda apreciar o requerimento do PSD para um debate de urgência com o primeiro-ministro para a próxima quarta-feira, na sequência da demissão do ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos. Também André Ventura indicou que o Chega iria pedir "na próxima semana um debate de urgência no Parlamento com a presença do primeiro-ministro".