Tom Jovim


Tom Baguim teria tido uma carreira tão notável como Tom Jobim, mas Tom Lomba ou Tom Covedo só seriam, no máximo, uma dupla sertaneja a puxar para o Sertãozinho e Xororó.


DOHA – o grande Antônio Carlos Jobim que, parece brincadeira, tinha como nomes do meio Brasileiro de Almeida, que é algo do género de um dos nossos compatriotas, um qualquer, escolham vocês, ter como apelidos maternos Portuguesinho da Silva, Tom viveu uns anos largos fora do Brasil e, lá mais para o final da existência que foi tudo menos aborrecida, sentenciou numa entrevista: “Morar no estrangeiro é bom mas é uma merda; morar no Brasil é bom mas é uma merda”. Jobim, que tinha esse nome não por ser um Brasileiro de Almeida e sim por ter sangue Portuguesinho da Silva graças a um antepassado famoso, José Martins da Cruz Jobim, médico privado de D. Pedro II do Brasil e D. Pedro IV de Portugal. Foi ele, aliás, que tendo estudado no Porto deixando por lá muitas saudades, sobretudo por entre o mulheredo, que inventou o nome Jobim que, na realidade era Jovim. Sim, Santa Cruz de Jovim, hoje uma das freguesias de Gondomar, onde o sujeito foi baptizado. Tom teve sorte. As outras paróquias de Gondomar têm nomes menos agradáveis para encaixar num ser humano à custa dos santos óleos. Reparem: Baguim do Monte, Fânzeres, São Pedro da Cova, Foz do Sousa, Covelo, Lomba, Melres, Medas e Rio Tinto. Por isso podia muito bem ter visto o seu nome na capa de um disco: Sinatra canta Antônio Carlos Fânzeres; ou Sinatra canta Antônio Pedro da Cova. O mais aceitável ainda seria Antônio Carlos Baguim (tínhamos de deixar cair o Monte). Pelo menos rimava. Tom Baguim teria tido uma carreira tão notável como Tom Jobim, mas Tom Lomba ou Tom Covedo só seriam, no máximo, uma dupla sertaneja a puxar para o Sertãozinho e Xororó. Claro que há outro pormenor a considerar: chamar-se-ia na realidade Antônio Carlos Vaguim, não trocasse a malta do norte os Vês pelos Bês, ao ponto de o seu tio avô ter adoptado Jobim e não Jovim. Enfim, ia escrever como foi viver mais de um mês no Qatar e dou por mim sem espaço para isso. Posso já garantir que não é uma merda, embora já tenha havido tanta gente a gritar o contrário. Mas excesso de ar-condicionado fez-me acreditar como o Tom que é um sapo é uma rã, é uma febre terçã, Com tosse à mistura.

Tom Jovim


Tom Baguim teria tido uma carreira tão notável como Tom Jobim, mas Tom Lomba ou Tom Covedo só seriam, no máximo, uma dupla sertaneja a puxar para o Sertãozinho e Xororó.


DOHA – o grande Antônio Carlos Jobim que, parece brincadeira, tinha como nomes do meio Brasileiro de Almeida, que é algo do género de um dos nossos compatriotas, um qualquer, escolham vocês, ter como apelidos maternos Portuguesinho da Silva, Tom viveu uns anos largos fora do Brasil e, lá mais para o final da existência que foi tudo menos aborrecida, sentenciou numa entrevista: “Morar no estrangeiro é bom mas é uma merda; morar no Brasil é bom mas é uma merda”. Jobim, que tinha esse nome não por ser um Brasileiro de Almeida e sim por ter sangue Portuguesinho da Silva graças a um antepassado famoso, José Martins da Cruz Jobim, médico privado de D. Pedro II do Brasil e D. Pedro IV de Portugal. Foi ele, aliás, que tendo estudado no Porto deixando por lá muitas saudades, sobretudo por entre o mulheredo, que inventou o nome Jobim que, na realidade era Jovim. Sim, Santa Cruz de Jovim, hoje uma das freguesias de Gondomar, onde o sujeito foi baptizado. Tom teve sorte. As outras paróquias de Gondomar têm nomes menos agradáveis para encaixar num ser humano à custa dos santos óleos. Reparem: Baguim do Monte, Fânzeres, São Pedro da Cova, Foz do Sousa, Covelo, Lomba, Melres, Medas e Rio Tinto. Por isso podia muito bem ter visto o seu nome na capa de um disco: Sinatra canta Antônio Carlos Fânzeres; ou Sinatra canta Antônio Pedro da Cova. O mais aceitável ainda seria Antônio Carlos Baguim (tínhamos de deixar cair o Monte). Pelo menos rimava. Tom Baguim teria tido uma carreira tão notável como Tom Jobim, mas Tom Lomba ou Tom Covedo só seriam, no máximo, uma dupla sertaneja a puxar para o Sertãozinho e Xororó. Claro que há outro pormenor a considerar: chamar-se-ia na realidade Antônio Carlos Vaguim, não trocasse a malta do norte os Vês pelos Bês, ao ponto de o seu tio avô ter adoptado Jobim e não Jovim. Enfim, ia escrever como foi viver mais de um mês no Qatar e dou por mim sem espaço para isso. Posso já garantir que não é uma merda, embora já tenha havido tanta gente a gritar o contrário. Mas excesso de ar-condicionado fez-me acreditar como o Tom que é um sapo é uma rã, é uma febre terçã, Com tosse à mistura.