Está tudo em aberto em relação à greve na Autoeuropa. A paralisação está agendada para os próximos dias 17 e 18 de novembro, mas a Comissão de Trabalhadores (CT) da fábrica de Palmela já veio garantir que aceita voltar à mesa de negociações com a administração, cuja reunião está marcada para o próximo dia 25 de novembro.
Uma decisão aplaudida pela administração da empresa ao referir que espera “que a conversa do dia 25 de novembro seja positiva e frutuosa”.
Pouco convencido em recuar está o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (SITE SUL) ao garantir que “na ausência de qualquer atitude concreta e credível por parte da gerência, que permita aos trabalhadores suspender a greve, não resta alternativa que não seja a sua manutenção. A Comissão Sindical apela à unidade dos trabalhadores e a que estes mantenham a firmeza e não embarquem em mensagens ilusórias”, refere em comunicado.
Já na semana passada tinha lembrado que “este ano, mais uma vez, a empresa deverá atingir resultados históricos, com uma produção de cerca de 240 mil carros, fruto do esforço e empenho dos trabalhadores. Também não pode ser esquecido o forte contributo que estes deram para os lucros alcançados pelo grupo VW nos primeiros nove meses do ano (mais de 12 500 milhões de euros)”. A mesma resistência será seguida pelo STASA (Sindicato dos Trabalhadores do Sector Automóvel).
No entanto, esta terça-feira, a Comissão de Trabalhadores anunciou a intenção de retomar o diálogo com a administração da fábrica, na sequência da mensagem enviada na segunda-feira pela empresa a todos os trabalhadores. Nessa mensagem, a administração da fábrica de Palmela anunciava que estava disponível para voltar a reunir-se com a CT, durante o mês de novembro, com o objetivo de encontrar soluções para medidas salariais e ir ao encontro das necessidades dos trabalhadores, face às dificuldades económicas sentidas pelas famílias da Volkswagen Autoeuropa. A empresa adiantava ainda que as medidas adicionais resultantes do empenho conjunto da Volkswagen Autoeuropa e da CT, deverão ser consideradas como aditamento ao acordo laboral vigente.
Em cima da mesa está a proposta de aumento extraordinário de 5% em dezembro, com retroativos desde julho, para compensar a perda do poder de compra devido à inflação, mas a administração da empresa entendeu atribuir apenas um prémio único de 400 euros, que deverá ser pago este mês de novembro.
Além da exigência de um aumento extraordinário, a CT da Autoeuropa defende a manutenção da atualização salarial de mais 2% a partir de janeiro de 2023, tal como está previsto no Acordo Empresa (AE) aprovado em 30 de março deste ano.
A avançar esta será a segunda greve na Autoeuropa, fora as que ocorreram no âmbito de greves gerais a nível nacional. A primeira foi a 30 de agosto de 2017, quando os trabalhadores cumpriram uma paralisação de um dia contra a obrigatoriedade de trabalharem ao sábado, que obrigou a uma paragem de toda a produção da fábrica de Palmela.
E ocorre numa altura em que a Autoeuropa deixou de produzir a carrinha Sharan. Com o final da produção deste monovolume, a fábrica vai apostar no T-Roc, “modelo mais vendido na Europa, em julho e agosto deste ano”.