Há uma nova moda no reino do ambientalismo. Há uma semana, duas ativistas do Extinction Rebellion colaram-se com super-cola a uma pintura de Picasso num museu de Vitória, Austrália. Três dias depois, duas jovens atiraram sopa de tomate para uma pintura de Van Gogh em Londres. Pertenciam ao grupo “Just Stop Oil” e protestavam contra o uso de combustíveis fósseis. Depois também colaram as mãos à parede do museu. Aguardemos pelos próximos capítulos.
Estas ações com as alterações climáticas em pano de fundo têm tudo para chamar a atenção dos media: obras de arte de milhões, nomes sonantes, o apocalipse ao virar das esquina, jovens (ou menos jovens) indignadas… e uma boa dose de tolice.
Para sermos rigorosos, porém, há que esclarecer que as ativistas australianas não se colaram à pintura, mas sim ao vidro (teria sido uma opção interessante deixá-las lá coladas…); e o quadro de Van Gogh também estava protegido por um acrílico. Ou seja, as obras de arte não foram minimamente danificadas.
Mas se a moda pega veremos jovens talvez menos escrupulosos a atacar quadros e esculturas por todo o mundo – e quanto mais valiosos, melhor.
Ora, o futuro do planeta é um assunto demasiado sério para acharmos que se resolve com estas ações. Para começar, porque os grandes poluidores não se comovem com as brincadeiras de uns meninos dos países mais ricos. Estamos mesmo a imaginar o Presidente chinês (responsável por cerca de 30% das emissões de carbono) a decidir mandar parar as suas fábricas com base nos protestos que têm lugar nos museus do Ocidente, não é?
Além disso, nota-se cada vez mais uma certa onda de “histeria climática” a tomar conta das gerações mais novas. E isso é preocupante: como sabemos, a histeria normalmente não é grande conselheira quando precisamos de tomar boas decisões.
Ainda a propósito da emergência climática, na passada semana saiu uma notícia que dá que pensar. Escolhi o título da RTP, mas poderia ser o de qualquer outro meio de comunicação: “Relatório Planeta Vivo. Portugal precisa de “três planetas Terra” para viver”. Bem, se só Portugal, com os seus dez milhões de habitantes, precisa de três planetas, imaginemos de quantos precisam a China ou os Estados Unidos da América!