Os burocratas do ensino


Um destes dias, um dos meus filhos perguntou-me se podia imprimir umas quantas folhas, julgo que de uma apresentação de Powerpoint, que a professora de Matemática tinha mandado. Curioso, fui espreitar o que diziam, até para perceber o que ainda recordava do ensino preparatório. As folhas falavam de coisas extraordinárias.


Um destes dias, um dos meus filhos perguntou-me se podia imprimir umas quantas folhas, julgo que de uma apresentação de Powerpoint, que a professora de Matemática tinha mandado. Curioso, fui espreitar o que diziam, até para perceber o que ainda recordava do ensino preparatório. As folhas falavam de coisas extraordinárias.

Por exemplo, da “propriedade distributiva da multiplicação em relação à subtração”, da “propriedade da existência de elemento neutro da adição”, da “propriedade comutativa da adição”, etc. Resumindo: acabei por ficar com alguma pena dos jovens estudantes, que têm de empinar todo aquele palavreado.

As propriedades, em si, são relativamente simples – o tal “elemento neutro da adição” não é nada mais do que o zero.

Mas existe uma tendência em certos setores da educação para complicar o que é simples.

Não é só na Matemática. Olhando para o programa de Português do sexto ano, por exemplo, encontramos tópicos como: “distinguir composição morfológica e morfossintática” ou “distinguir complemento direto de predicativo do sujeito”.

Pode argumentar-se que não vem mal ao mundo por as crianças aprenderem de pequenas a mecânica da língua e os nomes das regras da matemática. Eu sentir-me-ia tentado a argumentar o contrário: ninguém precisa de conhecer a “propriedade distributiva da multiplicação” para saber fazer contas, nem de saber o que é a “composição morfossintática” para falar corretamente. Estas definições com palavras complicadas roubam tempo a matérias que podem ser interessantes e só contribuem para tornar a escola mais aborrecida.

O problema não é deste ou daquele professor, é dos burocratas do ensino, que sempre existiram, mas hoje parecem ter mais margem para impor as suas regras. Os burocratas que falam em “expressão numérica” e que preferem classificar palavras em função do número de sílabas a ensinar a apreciar a beleza de um texto. Se calhar também é por causa deles que são cada vez menos os miúdos que sabem coisas simples como fazer contas ou escrever corretamente.

Os burocratas do ensino


Um destes dias, um dos meus filhos perguntou-me se podia imprimir umas quantas folhas, julgo que de uma apresentação de Powerpoint, que a professora de Matemática tinha mandado. Curioso, fui espreitar o que diziam, até para perceber o que ainda recordava do ensino preparatório. As folhas falavam de coisas extraordinárias.


Um destes dias, um dos meus filhos perguntou-me se podia imprimir umas quantas folhas, julgo que de uma apresentação de Powerpoint, que a professora de Matemática tinha mandado. Curioso, fui espreitar o que diziam, até para perceber o que ainda recordava do ensino preparatório. As folhas falavam de coisas extraordinárias.

Por exemplo, da “propriedade distributiva da multiplicação em relação à subtração”, da “propriedade da existência de elemento neutro da adição”, da “propriedade comutativa da adição”, etc. Resumindo: acabei por ficar com alguma pena dos jovens estudantes, que têm de empinar todo aquele palavreado.

As propriedades, em si, são relativamente simples – o tal “elemento neutro da adição” não é nada mais do que o zero.

Mas existe uma tendência em certos setores da educação para complicar o que é simples.

Não é só na Matemática. Olhando para o programa de Português do sexto ano, por exemplo, encontramos tópicos como: “distinguir composição morfológica e morfossintática” ou “distinguir complemento direto de predicativo do sujeito”.

Pode argumentar-se que não vem mal ao mundo por as crianças aprenderem de pequenas a mecânica da língua e os nomes das regras da matemática. Eu sentir-me-ia tentado a argumentar o contrário: ninguém precisa de conhecer a “propriedade distributiva da multiplicação” para saber fazer contas, nem de saber o que é a “composição morfossintática” para falar corretamente. Estas definições com palavras complicadas roubam tempo a matérias que podem ser interessantes e só contribuem para tornar a escola mais aborrecida.

O problema não é deste ou daquele professor, é dos burocratas do ensino, que sempre existiram, mas hoje parecem ter mais margem para impor as suas regras. Os burocratas que falam em “expressão numérica” e que preferem classificar palavras em função do número de sílabas a ensinar a apreciar a beleza de um texto. Se calhar também é por causa deles que são cada vez menos os miúdos que sabem coisas simples como fazer contas ou escrever corretamente.