China. Polícia detem mulher chinesa que usava um quimono

China. Polícia detem mulher chinesa que usava um quimono


Detenção ocorre numa altura em que a China está a registar um aumento do nacionalismo.


Uma mulher chinesa foi detida pela polícia durante horas e acusada de “provocar lutas e causar problemas” por usar um quimono japonês e tirar fotos numa rua da cidade de Suzhou. A detida, identificada como “Is Shadow Not Self”, a sua alcunha na internet, estava a fazer “cosplay”, uma prática onde pessoas se disfarçam de personagens fictícias, de uma personagem do Summer Time Rendering. 

A mulher estava a tirar fotos enquanto usava um quimono branco com imagens de flores vermelhas e folhas verdes e uma peruca loira quando foi abordada juntamente com o seu fotógrafo por um polícia, de acordo com um vídeo filmado e partilhado nas redes sociais.

No vídeo, é possível ver esta a explicar que estava apenas a fazer uma sessão de fotos, quando o agente lhe explica que a sua vestimenta está a provocar problemas: “Se estivesse a usar um Hanfu não diria isto. Mas está a vestir um quimono, enquanto uma pessoa chinesa. Você é chinês! É mesmo?”.

Hanfu é uma roupa tradicional chinesa, usadas pela etnia chinesa Han, antes da Dinastia Qing. Estas roupas antigas estão-se a tornar novamente populares devido a uma promoção da cultura tradicional feita por Xi.

Segundo relatos da detida no Weibo, uma rede social chinesa semelhante ao Twitter, foi levada para a esquadra, onde foi interrogada durante cerca de cinco horas até à 1h da manhã, o seu telefone foi revistado e o quimono confiscado. 

O vídeo foi visto por milhões e gerou discussões nas redes sociais chinesas, numa altura em que o país está a assistir ao crescimento de uma vaga de nacionalismo. 

O Guardian argumenta que a hostilidade da China em relação ao Japão existe há décadas, por causa da brutal invasão e ocupação da China e devido às atrocidades registadas durante a guerra, citando, como exemplo, o massacre de Nanjing, um episódio de assassinato e violações em massa cometidos por tropas do Império do Japão contra a cidade de Nanquim, durante a Segunda Guerra Mundial.

As visitas regulares de políticos japoneses ao polémico santuário Yasukuni, em Tóquio, onde está gravado o “Livro das Almas”, uma lista com nomes de mais de dois milhões de soldados japoneses e coloniais (27 863 coreanos e 21 181 taiwaneses) mortos em conflitos bélicos, entre os quais se encontram catorze criminosos de guerra da Segunda Guerra Mundial, geram protestos internos e externos, com a República Popular da China, a Coreia do Norte, a Coreia do Sul e Taiwan a serem contra estas visitas desde 1985.

O jornal inglês nota ainda que o Japão tem assumido uma postura mais “assertiva” em relação ao comportamento expansionista de Pequim na região, em particular em relação a Taiwan, numa altura em que esta questão enfrenta grandes tensões com os Estados Unidos, aliados dos japoneses.