O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) acusou esta quarta-feira a gestão da TAP de “desperdiçar” as receitas do verão com “milhões de erros” ao longo do ano, como a contratação externa de serviços.
Em comunicado, a direção do SPAC deixa alertas para os “milhões de erros” de gestão na TAP, “que desperdiçam as receitas geradas este verão, fruto de uma elevada atividade operacional, que comprometem a recuperação e o futuro da empresa, bem como o esforço dos contribuintes portugueses dos quais os pilotos e restantes trabalhadores da TAP fazem parte, e que foram chamados para financiar 3,2 mil milhões de euros, dos seus impostos, para recuperar a Transportadora nacional”.
O sindicato recorda que, no ano de 2018, por não ter ainda aviões e pilotos para realizar os voos que tinha vendido, “a TAP recorreu à contratação externa de companhias aéreas para realizar os seus voos, tendo para isso pago cerca de 200 milhões de euros”.
Já este ano, “depois de ter dispensado aviões e pilotos, a TAP quase triplicou a contratação externa com contratos de ACMI a várias companhias aéreas, algumas com sede em paraísos fiscais”. E garante que “as contas deste ano vão refletir a profundidade desta ação com bastante mais que os 200 milhões de euros pagos em 2018”.
No mesmo ano, a companhia aérea pagou, segundo o SPAC, cerca de 55 milhões de euros em indemnizações a passageiros. Um valor que, na opinião do sindicato, “poderia ser considerado incrível, não fosse em julho de 2022 terem sido cancelados quase 500 voos da TAP”. Quer isto dizer que, em apenas um mês, mais do que o total de voos cancelados em 2018. “Juntando os valores de indemnizações a pagar pela empresa nos restantes 11 meses do ano, o valor de 55 milhões de 2018 irá seguramente ser superado em 2022”.
O sindicato diz ainda que “apesar dos sucessivos alertas e denúncias do SPAC, continuam parados os dois aviões A330 ‘convertidos’ em cargueiros, a acumular prejuízo a um ritmo alucinante de um milhão de euros por mês. Um prejuízo acumulado a ultrapassar os 21 milhões de euros”.
“Assumido o falhanço da conversão, serão agora reconvertidos para aviões de passageiros, com o inerente custo adicional de material, mão de obra especializada e homologações, com custos que representam mais alguns milhões de euros perdidos, neste processo inútil de converte/desconverte”, critica ainda.
A estes custos, que o sindicato diz serem “evitáveis”, juntam-se gastos com os trabalhos de manutenção, “pagos agora a empresas que contrataram os técnicos despedidos pela TAP em 2020 e os gastos desnecessários com a mudança da sede da empresa do Aeroporto de Lisboa para o Parque das Nações”.
E termina: “Tudo isto são valores que a gestão não divulga, a tutela não vigia e os contribuintes portugueses pagam. Valores que podem somar centenas de milhões de euros, apenas em 2022, enquanto a TAP afunda”.